Ao buscar pelo significado da Páscoa, as ideias de transformação e ressurgimento devem logo aparecer. Marcada no calendário cristão, a data celebra a ressureição de um dos maiores símbolos espirituais do mundo: Jesus Cristo. Transportando a celebração para 2020, parece que descobrimos – ou melhor, redescobrimos – um pouco da importância de ainda termos comemorações como essa na atualidade. Em meio à pandemia de coronavírus, os comerciantes locais apostaram em novos formatos de venda para diminuir o prejuízo e as famílias catarinenses reinventaram as comemorações para seguirem unidos, mesmo distantes.
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Léa Alvarenga está acostumada a viver as tradições de páscoa com os filhos e a família, em Pomerode, no Vale do Itajaí. Ela cultiva a pintura de casquinhas de ovos e a confecção da árvore de páscoa desde pequena. Agora, como mãe, transmitiu os aprendizados para os filhos Clara, 11 anos, e Lucas, seis.
Além das atividades, Léa comenta as mudanças que precisou fazer para permanecer celebrando outras tradições, como a de assistir os cultos da igreja luterana. Nos domingos, reúne a família na frente do celular ou do computador para congregar de forma on-line. Para ela, essa forma de manter a tradição e a crença em dias melhores é o que tem feito a cidade, famosa pela tradicional festa de Páscoa, superar o momento com o isolamento social.
– A tristeza só não é maior porque acredito que somos pessoas muito batalhadoras e de muita fé – diz ela, sobre a população do município.
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A união on-line, assim como acontece durante os cultos, servirá para que o almoço de Páscoa ainda seja em família. Mesmo com os pequenos distantes do opa e da oma, como são chamados o avô e a avó na tradição germânica, a data será celebrada em conjunto através de uma chamada por vídeo com os pais de Léa.
E a Páscoa deste ano ainda terá novas invenções para que todos fiquem juntos. A foto que netos e avós repetem ao longo dos anos – com direito até a orelhinhas de coelho – precisará dar lugar ao print da tela do celular.
A caça aos avos, com os ninhos preenchidos pelos avós, terá um roteiro diferente. Segundo Léa, as cestinhas ficarão do lado de fora de casa, para que sejam recheadas sem o contato físico entre familiares.

Páscoa do isolamento e do amor compartilhado
Na família Leal de Miranda, de Blumenau, no Vale do Itajaí, a Páscoa deste ano tem um gosto diferente: tempero de amor. Desde que a pandemia chegou a Santa Catarina e o governo do Estado decretou o isolamento social, a coordenadora comercial Ana Carolina Leal divide o trabalho em home office com atividades para entreter a filha Júlia, três anos, que não tem frequentado às aulas na escolinha.
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Com o passar do tempo, as ideias para as brincadeiras foram se esgotando. Com a proximidade da Páscoa, a mamãe teve uma ideia: fazer chocolate caseiro.
– Cada diz a gente faz algo diferente. Vi uma propaganda de uma loja aqui do bairro. Fizemos o pedido e compramos as forminhas, o chocolate e os demais ingredientes – conta Ana Carolina.
A produção é esporádica. A família já produziu umas cinco vezes os coelhinhos de chocolate, para a diversão da pequena Júlia, que vai completar quatro anos no mês que vem. Como a filha está distante dos 11 amigos da escolinha há três semanas, praticamente, a ideia de Ana e o marido Thiago Rocha de Miranda é distribuir as guloseimas à criançada, obedecendo todos os protocolos de higiene.
No domingo, dia da Páscoa, o trio permanecerá junto, e isolado. O contato da pequena com os avós, que vivem em Florianópolis, seguirá as orientações das autoridades de saúde para se prevenir contra a Covid-19:
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– Faremos uma vídeochamada na Páscoa – pontua Ana Carolina.

Maternidade reinventada pelas atividades lúdicas
Mãe de duas meninas, Gisela Cerutti Schroeder, precisou reinventar a própria rotina para dar conta de tudo neste período. O que a motivou no processo de invenção de atividades foi justamente a alegria das filhas ao ver a família reunida diariamente. Fotógrafa de eventos, teve os trabalhos adiados ou cancelados por causa da pandemia. Então, teve a ideia de preencher o dia a dia das filhas com ações lúdicas, tanto para reacender a tradição da data quanto para colaborar com a rotina de home office do marido, em Joinville.
– É desafiador. Tem dias que não tenho vontade de sair da cama, mas ver o sorriso delas, saber que elas dependem de estarmos bem para cuidarmos delas nos fortalece e me anima a levantar a cabeça e seguir. Não dou conta de tudo, mas tudo bem. O que não deu pra fazer hoje, faço amanhã – disse sobre a rotina da maternidade em tempos de isolamento.
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Entre as atividades de Páscoa, a pequena Clara de apenas quatro anos já até escolheu uma preferida: a caça aos ovos. A atividade é uma forma de fazer com que todos os membros da família fiquem juntos e também uma maneira de gastar a energia de Clara. Durante o isolamento, ela e a irmã Lívia – de quatro meses – também estão mais próximas e podem estreitar os laços. Tem horas que a saudade das colegas de escola até bate, mas logo a próxima atividade da rotina preenche a cabecinha da pequena e tudo fica tranquilo.
Gisela também irá utilizar a rotina como aliada para que a família fique unida. Como possui uma irmã que mora na Austrália, os familiares estão acostumados a usar as chamadas de vídeo pela internet como forma de união. No aniversário de Gisela, em 27 de março, já foi assim: todos cantaram parabéns online. Distantes, em diferentes continentes e residências, mas ainda assim celebrando a páscoa reunidos em família.
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