Além do tradicional simbolismo religioso da ressurreição de Jesus Cristo, a Páscoa deste ano compartilha o sentimento de retomada de setores da economia. Diferente dos anos anteriores, quando ficamos longe de familiares e dos amigos, o alívio trazido a partir da vacinação estimula o aumento de consumo. Aos poucos, rituais religiosos, reuniões de família e viagens e passeios estão de volta.

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Depois de dois anos de pandemia, a celebração central do cristianismo chega com expectativas positivas não apenas para o setor chocolateiro. Mas também serviços, hoteleiro, turismo, cultural.

– Estamos nos refazendo, nos levantando, ressurgindo depois de um período muito difícil. Desde o começo da pandemia não tínhamos um faturamento como agora, um movimento como o trazido por festas como o da Osterfest, em Pomerode, e que atrai muitos visitantes para a cidade – conta Ana Marilda Novascoski Nunes, proprietária e gerente de uma lavanderia e passadoria que atende hotéis e pousadas de Pomerode e região.

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Proprietária de uma lavanderia e passadoria que atende hotéis e pousadas de Pomerode e região, Ana Marilda Novascoski Nunes tem na Páscoa a oportunidade de se recuperar dos impactos financeiros da pandemia (Foto: Patrick Rodrigues)

Com seis anos de atividade, Ana conta que viu o faturamento cair 80% na pandemia. O jeito foi fechar as portas e mandar para casa duas das cinco pessoas que trabalhavam com ela. 

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– Foi um período muito complicado, mas já recontratamos as pessoas e estamos na expectativa de que, daqui para a frente, as coisas irão melhorar. Penso que devemos isso às vacinas contra o coronavírus – diz a empresária.

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Apesar do otimismo, Ana Marilda considera que os altos custos da energia elétrica e dos combustíveis tornam a retomada mais desafiadora: 

– Nossa atividade consome muita energia, além do fato que fazemos coleta e entrega a domicílio. Isso aumenta as despesas e nos leva a repassar para os clientes, o que estamos fazendo com bastante cuidado para não pesar para ninguém – explica.

Quem também encontrou oportunidades nos eventos de Pomerode, considerada a cidade mais alemã do Brasil e que nesta época do ano veste colorido especial para celebrar genuínas tradições de Páscoa trazida pelos imigrantes alemães, foi Faviane e a filha Joanna Corrêa Monteiro.

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Faviane precisou cuidar da mãe que adoeceu, enquanto Joanna perdeu o emprego numa empresa do setor têxtil. Mãe e filha trabalham nos caixas: 

– Foi uma oportunidade muito boa não só por gerar renda, mas também porque nos sentimos acolhidas e bem cuidadas pela empresa – diz Faviane.

Reencontro com o público faz bem ao coração

Outro que também está aproveitando esta época festiva é Egon Viebrantz, 77 anos, nascido em Timbó, mas morador em Pomerode há mais de 70 anos. Casado e pai de duas filhas e um filho, ele tem no bandoneon um dos prazeres da vida. Dois anos depois do começo da pandemia, Egon retoma a alegria de animar os turistas que participam da Páscoa em Pomerode.

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Entre uma música e outra, atende a pedidos do público, posa para fotografias e emenda uma prosa: 

– Tocar para mim é ótimo, gosto muito, uma satisfação. Não é só pelo dinheiro, ainda que ajuda nas despesas de casa e também permite alguma reserva, mas por saber que faço a diversão das pessoas – conta o filho de imigrantes alemães.

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Dois anos depois do começo da pandemia, Egon retoma a alegria de animar os turistas que participam da Páscoa em Pomerode (Foto: Patrick Rodrigues)

A relação com o instrumento bastante comum na Alemanha vem da adolescência. Com 14 anos ele aprendeu a tocar. 

– Estou achando muito bom o retorno das atividades. Para mim, estar aqui é uma alegria, o contato com o público faz muito bem para a gente – conta o músico.

O evento conta com a maior árvore e o maior ovo de Páscoa do mundo. Tem ainda a Ostermarkt, a Feira de Páscoa, que vende artesanato e artigos de decoração, apresentações de grupos folclóricos e outras atrações. Entre 17 de fevereiro e 10 de abril cerca de 160 mil pessoas passaram pelo evento. A estimativa é de cerca de R$ 35 milhões de impacto econômico no município.

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O montante supera 1% do PIB da cidade, em valor estimado pela organização. A expectativa é de que, até o encerramento do evento, sejam mais de 180 mil visitantes e o impacto econômico se aproxime de R$ 40 milhões. Os números justificam a animação: lotação dos hotéis e de pousadas de 100% em todos os finais de semana de evento. São cerca de 250 empregos diretos gerados no evento e centenas de vagas temporárias em equipamentos turísticos, restaurantes, pousadas e outros setores impactados pelo evento.

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