Por mais um ano a Páscoa será diferente para os catarinenses. Com a pandemia de coronavírus em seu pior momento, comerciantes e produtores se preparam para as vendas e celebrações ainda com adaptações, mas já parte do novo normal imposto pelas medidas restritivas e de higiene contra a Covid-19. A projeção é de boas vendas, entre as tradicionais empresas do ramo e também para quem aproveitou a pandemia para ingressar na área dos doces.
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Em meio à crise vivida no país, a empresa catarinense Nugali Chocolates projeta aumento de 35% em relação ao ano passado, que foi bastante impactado pelas, até então, restrições de circulação e produção.
Maitê Lang, proprietária e uma das fundadoras da marca de doces finos de Pomerode, conta que a primeira preocupação da empresa é manter a segurança dos colaboradores e clientes. Outro desafio é lidar com as incertezas do cenário atual.
— O momento que estamos vivendo torna mais difícil planejar e tomar decisões para médio e longo prazo. Percebemos em nossos clientes a mesma dificuldade. Mas sempre fomos uma empresa com os pés no chão, prezando pela qualidade e preço competitivo no segmento de chocolates superiores – afirma a empresária.
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Como uma das principais marcas do segmento no Estado, Maitê também destaca a importância das vendas para movimentar a economia local.
— Existe um encadeamento econômico entre como gastamos nosso dinheiro e onde ele vai girar a roda da economia. Quando adquirimos um produto feito em outro país ou outro estado, parte dos empregos e dos impostos será gerado nesse outro local. Quando adquirimos um produto catarinense, são mais empregos gerados em Santa Catarina, e são mais recursos e impostos que ficam em nosso Estado – pondera a empresária.
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Projeção de alta nas vendas
Uma pesquisa da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC) apontou que a maioria dos comerciantes esperam alta de vendas na Páscoa deste ano. Pouco mais de 40% dos entrevistados acreditam que as vendas para a data serão superiores às registradas no mesmo período do ano passado, quando a Páscoa aconteceu no início da pandemia e das medidas mais restritivas. Outros 32,2% avaliam que deve ser igual.
O levantamento mostra ainda que, entre os entrevistados otimistas pelo aumento nas vendas, 42,2% avaliam que o crescimento será de até 3% em relação a 2020. A pesquisa foi elaborada com 400 empresas associadas que atuam no varejo em 20 cidades com maior potencial de consumo.
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Também foi identificado no questionário que 56,1% disseram que não haverá aumento no estoque, 37% programam alguma promoção e 32,6% estimam um tíquete médio entre R$ 51e R$ 100.
— O cenário ainda é desafiador por conta da pandemia, mas com o fluxo da vacinação aumentando cada vez mais, cresce também a esperança de, aos poucos, retomarmos a normalidade – avalia Ivan Roberto Tauffer, presidente da FCDL/SC.
“Estou empolgada e só penso na produção e entrega dos produtos”, diz pequena produtora
Além das empresas do setor que investem e enxergam na Páscoa uma das melhores oportunidades de venda durante o ano, há também os pequenos produtores. Tamiris de Oliveira, de São José, começou recentemente a fazer parte dos milhares de microempreendedores do ramo de doces. Em meio à pandemia, a catarinense resolveu seguir uma paixão antiga e transformou o hobby em negócio: fundou uma empresa de bolos caseiros. Há sete meses em jornada dupla como autônoma e doceira, ela conta que a @maisumbolinho nasceu de uma necessidade pessoal de transformação:
— Fui uma dessas pessoas que ficou isolada por um bom tempo na pandemia. Isso me gerou muita ansiedade, mas também fez renascer hábitos antigos e novos aprendizados.
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A paixão por doces vem de anos. A avó, de quem guarda tantas recordações, foi quem despertou o gosto pelos bolos e com quem ela passava as tardes cozinhando e aprendendo novas receitas. A mãe, que trabalhava fora na época, experimentava as receitas que a filha aprendia e reproduzia. Hoje, anos depois, é ela quem a ajuda nas produções e Tamiris destaca como essa parceria foi importante para as duas.
— Minha mãe estava aposentada e o isolamento estava deixando ela tão triste. Tratei de levantar o astral e fazer ela se sentir mais feliz outra vez. Ela é técnica de enfermagem aposentada. Então, imagina ela vendo aquilo tudo e não podendo fazer nada por ser também fator de risco. Foi desafiador. Foi mais difícil para ela aprender algumas particularidades, mas foi muito importante para a nossa relação. Aprendemos juntas e hoje ela arrasa! – diz ela.

Produção a todo vapor
Os preparativos para a primeira Páscoa no ramo dos doces estão a todo vapor, e ela conta que o planejamento começou cedo, meses atrás. As vendas estão melhores do que ela poderia imaginar, mas o trabalho é grande e vai desde o investimento em embalagens e fotografia dos produtos, até a divulgação nas redes sociais.
Apesar de ter se preparado e estar ansiosa pela produção, que deve ser intensa nos próximos dias, ela confessa que ainda precisou se adaptar por conta da pandemia.
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— Estou me planejando desde janeiro, mas muita coisa teve que ser mudada com essa segunda onda ainda mais intensa de casos de coronavírus. Já bati a meta que tinha estipulado, mas não tive escolha, precisei oferecer serviços de entrega porque vi que fez diferença. Agora estou empolgada e só penso na “segunda parte”: a produção e entrega – conclui Tamiris.
“O importante é sempre surpreender o cliente”, diz especialista
O chef internacional e pâtissier André Lenzi acredita que há espaço de crescimento no mercado catarinense e desta que o segmento está evoluindo com dedicação e técnica dos profissionais.
— Se há mais pessoas neste ramo é porque há bastante demanda para compra. Isso é ótimo. Minha dica é para analisarem a concorrência. Aliás, concorrência é saudável e não deve ser uma preocupação, tem espaço para todos. O importante é sempre surpreender o cliente.
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A expectativa de quem vai passar o feriado pela primeira vez trabalhando com uma antiga paixão é boa. Com formação em gestão de negócios, a empreendedora Tamiris de Oliveira percebe como um mercado, que vende mais na Páscoa, precisa inovar para se sustentar ao longo do ano:
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— Acho que quanto mais tradicional o mercado, mais oportunidades de crescimento e expansão existem ali. Vejo um espaço gigante que pode ser melhor explorado, dar aquela pitada de inovação.
Maitê Lang vê o crescimento do setor como estímulo de avanços para oferecer melhores soluções ao consumidor, mas destaca a importância de prezar pela qualidade:
— É importante que o consumidor se informe sobre os produtos que adquire, seja nos ingredientes, saudabilidade, seja nos aspectos de sustentabilidade ambiental e social.
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— Sou a favor de produtos que sejam feitos artesanalmente ou por indústrias que ofereçam produtos de qualidade. Acho que neste tempo de pandemia se prega tanto o comércio local, que precisamos olhar ao nosso redor e ajudar quem está lutando, muitas vezes, para sobreviver. Dê uma oportunidade aos doceiros e doceiras do seu bairro, de sua cidade. Tenho certeza que faremos uma Páscoa mais doce para todos – conclui o chef André Lenzi.
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