Uma BMW conversível, uma bela casa e um emprego estável em Florianópolis. A vida que pode parecer ideal para muitos, não foi o bastante para André Luiz Baader, 36 anos, catarinense radicado em Orlando, nos Estados Unidos, para onde imigrou depois da formado em Gastronomia pela Assesc, em 2008, abandonando a dita “vida perfeita”.
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Casado com Karla Baader, guatemalteca de 30 anos, André agora se prepara para mais um recomeço. Depois de viajar o mundo como chef em cruzeiros, o catarinense embarca, ao lado da esposa também chef, formada pelo Le Cordon Bleu, para uma nova uma aventura: dentro do projeto Locoporvino, a dupla vai viajar por quase um ano por regiões vinícolas da Europa, mostrando o processo de fabricação dos vinhos.
– Queremos trazer o místico mundo dos vinhos para mais perto do público, degustando sem complicar, mostrando o processo desde a colheita até a mesa do consumidor e o cotidiano sobre como vamos mesclar escola com vida real até nos tornarmos sommeliers. A ideia principal está em não somente ensinar, mas sim que o público aprenda conosco em cada degustação e em cada viagem, conhecendo mais sobre a gastronomia local além dos vinhos – contou André, que compartilhará toda a aventura no site locoporvino.com.
Enquanto arruma as malas, o chef conversou com a coluna e contou mais sobre o projeto, além de dar dicas para quem quer partir para o plano B.
Como surgiu a ideia do projeto Locoporvino? Trabalhando em um cruzeiro no Hawaii, como chefs, vimos que a profissão de sommelier está muito mais valorizada em relação a de chef. Trabalhar na cozinha é prazeroso, mas longe de ser comparado a beleza dos reality shows mostrados na TV, que acabam criando uma falsa expectativa nos jovens de hoje. De forma geral, cozinha é sinônimo de trabalho duro e pouca remuneração. Então decidimos agregar valor à carreira de chefs, que amamos, investindo na nossa paixão por vinhos e nos tornando sommeliers. Mas de uma forma diferente, mesclando escola com vida real, viajando e aprendendo “in loco” com diferentes culturas.
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Muita gente sonha em largar empregos formais e partir para uma grande viagem que combine aventura e trabalho. Para quem quer dar uma virada como vocês, que dica você daria? Eu era bancário, tinha uma BMW conversível e uma bela casa. Tudo que a sociedade quer que você tenha, mas você quer isso? Aluguei minha casa, vendi meu carro, troquei de emprego e passei a aprender coisas que gosto. Acho que assim o dinheiro vem por consequência. A dica é não se apegar a coisas materiais, seja seu carro, casa, roupas de marca ou aquele velho emprego. Família? A distância aproxima! Quando saí do Brasil meus pais não tinham passaporte, hoje me visitam anualmente em Orlando. Amigos? Os bons ficam pra sempre.
E como viabilizar os gastos da uma longa viagem?Tem que ser uma loucura organizada, cada mês de viagem necessita de quase o mesmo tempo em planejamento. Você deve estipular qual vai ser seu orçamento diário e qual a reserva necessária se decidir estender a viagem. Outra dica que damos é trabalhar como voluntários. Um site que gosto muito se chama workaway.info, onde você se cadastra para trabalhar em qualquer lugar do mundo, desde fazendas produtoras de azeite de oliva na Grécia até escolas de surfe na Nova Zelândia. Também temos apoio de empresas, profissionais e escolas de sommelier que nos presentearam com materiais e bolsas de estudos.
Item indispensável na viagem: aprender inglês e espanhol. Uma viagem turística pode ser feita com um guia no seu idioma, porém quando o assunto é trabalhar profissionalmente, a quantidade de conhecimento não absorvido se você não domina o outro idioma é enorme.
Qual é o principal desafio do projeto? O principal desafio está em ficar um ano sem entrada de recursos, trabalhar como voluntários em troca de conhecimento, hospedagem e alimentação. Mas se você tem um projeto interessante pode sair em busca de patrocínios, o que ajuda bastante.
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Qual é a meta principal do projeto? Primeiramente nossa meta está em nos tornarmos somelliers e poder repassar este trabalho a todos que gostam de vinho. Queremos aproximar aquelas pessoas que tem a mesma dúvida que nós, pessoas normais. Por exemplo: será que dá pra sentir diferença entre um vinho de US$ 5 Para um de US$ 30? Preciso ser um sommelier para provar um vinho de US$ 100 ou mais?