Os partidos que integram a chamada frente de esquerda se dividem entre aguardar um consenso e apoiar a candidatura de Décio Lima (PT) ao governo de Santa Catarina nas eleições de 2022. Dois dos oito partidos do grupo, PSOL e Solidariedade, deixaram clara a preferência pelo nome do petista para concorrer a governador.
Continua depois da publicidade
Os sinais de Lula e Alckmin para a disputa entre PT e PSB em Santa Catarina
Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp
Outras legendas ainda pregam neutralidade e preferem aguardar um possível acordo entre Décio e o senador Dário Berger (PSB), que também disputa a indicação. É o caso do PCdoB e do PDT, único da futura chapa que deve ter candidato diferente a presidente, por apoiar Ciro Gomes. As demais legendas devem se unir em torno da campanha de Lula.
A disputa entre Décio Lima e o senador Dário Berger (PSB) pela vaga de candidato a governador em SC esquentou ao longo desta semana. A vinda do presidente Lula ao Estado, que estava prevista para esta quinta-feira (2), foi adiada. Oficialmente, o PT de SC alegou condições logísticas e climáticas ruins para a agenda. Na prática, porém, lideranças afirmam que a suspensão da visita ocorreu por pressão do PSB, já que Dário Berger está internado em São Paulo e não poderia participar do ato em SC. Para o partido, isso poderia “desequilibrar o jogo” em favor de Décio.
Continua depois da publicidade
Décio, que é presidente do PT em SC, nega que o adiamento tenha sido causado por esse impasse com o PSB. O presidente do PSB em SC, Cláudio Vignatti, segue linha semelhante, mas admite que a indefinição entre os partidos também pode ter tido influência. Tanto que uma nova vinda do presidente só é cogitada para quando o candidato em SC já estiver definido.
— Pela política, quanto mais redonda estiver [a situação no Estado], melhor — afirma.
PSB discute situação com direção nacional e Alckmin
Se dentro da frente alguns partidos indicam preferência por Décio, fora dela a impressão é de que a pré-candidatura de Dário Berger tenha ganhado fôlego com os movimentos desta semana, como informou a colunista Dagmara Spautz. Santa Catarina teria entrado em uma lista de Estados que teriam a situação discutida pelas direções nacionais do PSB e do PT. Além de SC, há situações como a de São Paulo, em que o PT tenta convencer Márcio França (PSB) a desistir da candidatura, até agora sem êxito. O prazo definido para as decisões nos Estados é até 15 de junho.
Décio nega que SC esteja nesta articulação e diz que não se pode “trabalhar em uma frente democrática com intervenção de cima para baixo”.
— Eu até fico com cara de paisagem porque dizem que SC está nessa mesa de negociação, porque não está — afirma.
Continua depois da publicidade
Vignatti diz que um acordo envolvendo outros Estados até agora “é especulação”, mas vê com mais naturalidade uma decisão alinhada nacionalmente.
— Os palanques sempre foram construídos com um entendimento nacional. Não dá para construir um processo de política que seja isolado. Esperamos que a coordenação nacional da campanha de Lula e Alckmin consiga buscar um entendimento em todos os estados brasileiros, sobre os palanques — afirma.
O pré-candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin, estaria acompanhando de perto a situação em SC, almejando uma candidatura de Dário ao governo. Por outro lado, em visita ao Rio Grande do Sul nessa quinta, Lula fez um apelo para que os partidos cheguem a um consenso por um candidato no Estado, onde PT, PSB e Psol apresentam nomes.
Partidos se dividem ao tomar posição
Enquanto PT e PSB não se entendem sobre o candidato com a situação chegando às direções nacionais, os outros seis partidos que compõem a frente de esquerda em SC assistem à indefinição, com suas preferências. Confira abaixo as posições dos partidos:
Continua depois da publicidade
Pró-Décio
Solidariedade
O Solidariedade, que ganhou corpo na coligação após a filiação do ex-deputado estadual Gelson Merisio, manifesta abertamente a preferência por Décio Lima. Para o presidente da sigla no Estado, Osvaldo Mafra, o petista seria a melhor opção por carregar nas urnas o número 13, mesmo de Lula, favorecendo um possível voto alinhado entre os dois. Na visão dele, isso poderia levar a chapa ao segundo turno.
— Temos que ver a matemática política, e ela hoje nos leva a trabalhar o nome do Décio — afirma.
Mafra vai além e diz que se houver uma definição pelo nome de Dário, o Solidariedade pode defender uma possível candidatura de Gelson Merisio a governador.
PSOL
O presidente do PSOL em SC, Mário Dutra, diz que o partido indicou apoio a Décio Lima por considerar que ele “teria mais condições de representar esse campo”, pela relação direta com PT e Lula.
— Nossa disposição é Décio. Caso no debate surja entendimento de que outro candidato vai liderar, o PSOL vai se reunir e vai debater, não tem nenhuma posição definida — afirma.
Continua depois da publicidade
Neutralidade
PDT
O presidente do PDT em Santa Catarina, Manoel Dias, diz que o partido tem “mantido o equilíbrio” e espera que se encontre uma “decisão consensual”. Ele diz que o partido não decidiu sobre uma preferência por Dário ou Décio, e que estará na majoritária com uma indicação ao Senado.
PCdoB
O PCdoB, assim como o PV, fazem parte de uma federação partidária com o PT e estão alinhados nacionalmente. O presidente da sigla, Douglas Mattos, ainda assim, diz que “o ideal seria que o próprio Dário e Décio se acertem”. Ele diz que se a frente precisar se posicionar, o partido teria que se reunir, mas afirma que “o PCdoB não vai votar, na federação, contra os interesses de Décio”.
PV
A presidência do PV em SC não atendeu a reportagem
Rede
A presidência da Rede Sustentabilidade em SC não atendeu a reportagem
Leia também
Bolsonaro diz que só deve participar de debates eleitorais no segundo turno
Análise: região Sul deixou de ser reduto bolsonarista, conforme Datafolha
Os três maiores partidos do Estado seguem “na pista” para as Eleições 2022