Temos acompanhado a polêmica substituição dos talões de pagamento da Zona Azul pelos parquímetros. Sem entrar no mérito do aumento do valor da tarifa, gostaria de levantar outras implicações desta medida. Os parquímetros são mais obstáculos urbanos nas nossas vias públicas, já tão obstruídas e estreitas. A instalação dos equipamentos, além de estar sob severa supervisão do Ipuf, deveria respeitar as normas da ABNT, que incluem piso tátil direcional e alerta e calçadas adequadas com faixa exclusiva para pedestres, por exemplo. No entanto, está totalmente em desacordo com as normas de acessibilidade.
Continua depois da publicidade
Além de não haver nenhuma sinalização tátil no piso que alerte a existência dessa barreira, percebe-se que não há critério nenhum em seu posicionamento. Alguns, inclusive, encontram-se no meio da área em que está indicada a travessia de pedestres pela faixa. Caminhar pela cidade, muitas vezes, se torna um verdadeiro rali. Obstáculos, barreiras arquitetônicas e urbanísticas dificultam o mero deslocamento. De acordo com o IBGE, aproximadamente 25 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência no Brasil.
Tornar as cidades mais acessíveis é uma das formas mais dignas de o poder público expressar o respeito aos cidadãos. Com estas constatações, concluo que há uma incoerência no nosso município. O órgão que deveria fiscalizar, normatizar, orientar e planejar, institui um novo equipamento urbano em desacordo com o bem-estar da população e que pode dificultar ainda mais o direito de ir e vir em nossa cidade. Estamos indo na contramão do desenvolvimento. Apesar da aparente modernidade, este equipamento urbano definitivamente não representa um avanço.“