Marino de Oliveira morreu em 2012 aos 85 anos sem ver o Parque Porta do Mar ser inaugurado. Morador que cresceu com o bairro Espinheiros, em Joinville, e compartilhou a história daquele povo sonhava em ver progresso na região. O pescador que deu nome ao parque foi homenageado no evento de inauguração, na manhã desta sábado.
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– Se ele não pode ver, ao menos os filhos e netos viram – destacou a viúva Maria Iracema de Oliveira, de 62 anos.
Pai de 11 filhos, Marino iniciou na atividade pesqueira logo cedo. Como não existiam estradas na região, o transporte até Joinville acontecia pela Baía da Babitonga, por meio dos barcos. Ele lutou pela construção da igreja e a fundação de uma escola na comunidade. Assim como os demais moradores, sonhava em poder ver o mar que era coberto pela vegetação e foi ainda mais escondido pelas construções que surgiram ao longo dos anos.
Após a inauguração do parque, cujo projeto iniciou em 1998, a visão da Baía ainda é limitada em alguns pontos. Para ampliar a vista, será preciso investir em desapropriações e negociações com proprietários de terras como a Polícia Militar Ambiental, explica o presidente do Ippuj (instituto de planejamento de Joinville), Vladimir Constante. O investimento de R$ 1,6 milhão feito nesta primeira etapa faz parte do Programa Linha Verde, financiado pelo Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata).
O município tem planos de desenvolver o Morro do Amaral, que fica do outro lado da Baía e possibilitar acesso até lá por meio de embarcações. O plano de manejo do local está sendo desenvolvido pela Fundação do Meio Ambiente (Fundema) para delimitar território. Quando essa etapa for concluída, será preciso buscar recursos financeiros.
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Por enquanto, os moradores podem aproveitar a vista para a Baía da Babitonga, o passeio, o parque da melhor idade e o ponto mais cobiçado pelos visitantes: o trapiche.
O trânsito de veículo ficou limitado em uma pista a fim de possibilitar a circulação de pedestres em torno do parque. Se por um lado o parque dá vida à Baía, por outro, cenas de vandalismo já puderam ser observadas pelos moradores e visitantes. Dois postes de iluminação estavam danificados. A segurança é uma das maiores preocupações de quem vive por lá.
– O problema é durante a noite. Tem que ter um guarda senão vai virar bagunça – ressaltou o morador Salvador Correa, de 75 anos, que também foi um dos fundadores do bairro.