No limite entre os municípios de Corupá e São Bento do Sul, em meio à serra que liga as duas cidades, uma propriedade particular serve de refúgio tanto à flora e à fauna quanto às pessoas que desejam o contato com a natureza. No fim de uma estrada de chão, que sobe pela encosta de um morro, fica o Parque Natural Braço Esquerdo. Cachoeira, gruta e pedras para escalada formam um complexo de atrações que é visado por variados perfis de visitantes e confere ao parque o título de um local completo e para diferentes gostos.
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Parte da área de proteção ambiental Rio Vermelho – Humbold, é aberta ao público há pelo menos 15 anos, porém, o parque natural foi criado e estabelecido há quatro. O ponto é antigo conhecido de escaladores, que têm nas paredes rochosas desafios para o esporte, em um dos setores que é listado no ranking dos três melhores pontos para escalada no Brasil.
Quem não é adepto das alturas pode apenas apreciar o local. A Cachoeira do Braço Esquerdo é uma das principais atrações e é para lá que migram a maior parte dos visitantes. Com mais de 100 metros de altura, a parede por onde escorre a água é divida em dois patamares – o primeiro, com 60 metros, e o segundo, com cerca de 40 metros. Um pequeno poço permite mergulhar na água e também é possível encostar-se ou até sentar-se nas rochas e sentir a força da água caindo diretamente no corpo. Quem deseja um nível a mais de aventura pode solicitar junto ao parque o serviço de rapel, feito ao lado da cascata.
Segundo o diretor operacional do Parque, Cesar Trevisan, entre 150 e 200 pessoas visitam o parque por fim de semana. Na maior parte dos meses, o espaço é aberto apenas em fins de semana, mas entre o Natal e o Carnaval as visitas podem ser feitas de terça-feira a domingo (na segunda o acesso é fechado para manutenção). Um bar oferta alguns quitutes e bebidas e ainda é possível hospedar-se no camping, que conta com área coberta, banheiros e chuveiro elétrico.
Trevisan conta que o público da região frequenta o parque especialmente no verão. Uma cidade com representantes frequentes é Curitiba. Alex Ferreira e Alessandra Rosa são de lá. Eles estiveram em Corupá para passar um fim de semana. Em busca de cachoeiras, receberam a indicação para visitar o parque e agora recomendam o local. Depois de uma manhã explorando trilhas, descansaram as pernas na beira da cachoeira. A descrição do lugar é resumida na palavra “fantástico”.
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Vindos de Florianópolis e hospedados no camping, o casal Saulo de Albuquerque Salvi e Karen Helena Zanato veio ao parque em busca da escalada. Enquanto descansavam dos paredões, curtiram a massagem da queda de água nas costas. A diversidade de opções e o barulho constante da cachoeira são os pontos de destaque.
– É um ótimo lugar, tem de tudo. Natureza, esporte e a beleza em si.
Paraíso escondido
Se a grande cachoeira é uma das atrações mais visíveis, um dos atributos do parque permanece escondido de boa parte dos olhos. Na Caverna da Fuga, uma gruta formada pelas rochas, uma curta e escura trilha em meio a um riacho conduz até uma cachoeira, cuja água desce pela fenda da pedra. Na escuridão da gruta, o visitante sente apenas a água caindo e um fino resquício de luz no topo. Vale a experiência inusitada e a surpresa da água que surge repentinamente no fim da trilha. A dica é levar lanternas para facilitar o acesso.
As possibilidades do parque vão além. Nos 170 mil metros quadrados da reserva, diversas trilhas podem ser exploradas. A principal é a trilha do Vale Perdido. São cerca de 40 minutos de caminhada, de nível fácil e com pequenos obstáculos naturais. Fendas em rochas, riachos e lagos são parte do cenário do percurso. Há ainda a trilha da Chaminé, que dura cerca de 20 minutos e leva a um dos setores de escalada do parque.
A trilha Planeta dos Macacos, alusão aos bugios e macacos pregos que eram comumente encontrados no caminho, é outro belo trajeto. A caminhada é mais longa e leva cerca de uma hora e meia. Não há placas que indicam o caminho das trilhas. Para percorre-las, é preciso pedir auxílio aos condutores do parque.
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Dificuldade alta
Verônica Paciello Matile e Paulo Matile são frequentadores antigos do Braço Esquerdo. Ele vai ao local há quase 20 anos, ela há pelo menos 15 anos. O casal já foi guia de uma agência de turismo de Jaraguá do Sul e apresentou o parque a muitos clientes. Fora do turismo, o local continuou sendo frequentado apenas pelo prazer. Até o filho Eduardo, de três anos, acompanha o casal.
– Aqui é quase um quintal de nossa casa _ brinca Verônica, sorrindo.
Para ela, o Braço Esquerdo é um local completo. Escalada, cachoeira, trilha, caverna, natureza. Tudo está à disposição. Escaladores, são as rochas que acabam sendo atração principal para o casal.
Com mais de 80 vias em sete setores, o Parque Natural é considerado um dos melhores pontos de escalada no Brasil, tanto em nível de qualidade quanto em dificuldade. A rocha do parque cria agarras diferenciadas para as subidas, exigindo posicionar as mãos em forma de pinça ou invertida, com os dedos para baixo. Escaladas negativas e de resistência também fazem parte das paredes. Ainda assim, quem quer estrear no esporte tem um espaço garantido, no setor Café com Leite.
– Aqui o lugar é especial, tem de tudo. Principalmente no verão é ótimo para ficar. É um dos lugares que conseguiu manter o equilíbrio com a natureza e os visitantes _ completa Paulo.
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O quê: Parque Natural Braço Esquerdo.
Horários: no verão, das 8 às 18 horas.
Entrada: R$ 5.
Camping: R$ 10 por pessoa.
Como chegar: Apesar de ficar dentro dos limites de São Bento do Sul, o acesso mais simples é por Corupá. São 7 quilômetros do trevo até o parque. Vindo de Corupá, pode-se entrar no primeiro trevo à direita, seguir até o fim da rua passando pela ponte do centro da cidade. Após a ponte, dobrar à esquerda e depois de um pequeno canteiro seguir pelo acesso principal à direita, passando por mais uma ponte. Daí, segue-se até o fim da rua e dobra-se à esquerda. A partir deste ponto há placas indicativas. Ao passar pelo pórtico de entrada do bairro Ano Bom, pegar à esquerda na primeira bifurcação.
O QUE LEVAR
Repelente, protetor solar (apesar de boa parte das atrações ser na sombra), roupa de banho, uma muda de roupa extra, tênis para as trilhas (o acesso à cachoeira pode ser feito de chinelo)