O incêndio que consumiu mais de 800 hectares do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, na Grande Florianópolis, por 48 horas nesta semana mobilizou 292 agentes de órgãos oficiais (Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Defesa Civil, Instituto do Meio Ambiente e Polícia Civil), além de inúmeros voluntários que se prontificaram a apoiar no combate ao fogo. Um esquema de guerra que levou equipes de várias cidades de Santa Catarina a Palhoça para proteger a maior reserva ambiental do Estado.

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No entanto, em dias comuns, a situação do parque é bem diferente. Em seus mais de 84 mil hectares de área, o parque conta com apenas três servidores efetivos do Instituto do Meio Ambiente (IMA) — órgão do governo do Estado responsável pela reserva —, um coordenador e dois servidores da área administrativa.

Eles dividem a sede dentro do parque — que fica logo ao lado de uma das áreas atingidas pelo fogo — com uma outra equipe de oito pessoas da ONG Çarakura, que tem a cogestão do espaço e é responsável pelas atividades de educação ambiental no Centro de Visitantes do Parque.

O coordenador do parque, Carlos Cassini, explica que, no espaço, alunos de escolas da região são recebidos para atividades e aulas sobre a importância da reserva natural (é de nascentes do parque que sai boa parte da água consumida na Grande Florianópolis, por exemplo). Trilhas dentro do parque também são usadas para fins educativos e um espaço no parque, onde há uma antiga casa açoriana, está sendo reformado para a instalação de um pequeno museu, que terá ao redor um gramado para atividades de lazer da comunidade.

Com esta pequena equipe e o apoio de servidores do IMA que atendem todas as reservas, a fiscalização contra crimes ambientais — como o que possivelmente iniciou o incêndio desta semana — fica por conta da Polícia Militar Ambiental, que possui dentro do parque a sede da 4ª Companhia da PM Ambiental. O quartel dentro da reserva é o primeiro do órgão em Santa Catarina, instalado em 1992, e atualmente tem um efetivo de 26 policiais que monitoram a área em rondas com viaturas e drones.

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Dificuldades na fiscalização do Parque

A fiscalização do parque, no entanto, enfrenta dificuldade pela grande extensão e dificuldade de locomoção em várias partes. Segundo Cassini, uma ida da sede do parque até a área da reserva que fica em São Bonifácio, por exemplo, leva três horas de carro.

— A parte mais larga do parque tem 40 quilômetros de Leste a Oeste, e a mais comprida tem 60 quilômetros de Norte a Sul. Fora isso, são 11 ilhas na costa. Temos rondas, eu mesmo sempre que posso dou uma olhada nas estradas, e a polícia circula por toda a área, mas é uma área muito extensa — explica o coordenador do parque.

A única parte cercada do Parque da Serra do Tabuleiro é a da chamada Baixada do Maciambu, que fica no lado Leste da BR-101 em Palhoça — exatamente a área que foi atingida pelo incêndio. Nesta parte, há uma cerca simples de arame que foi instalada em 2009 por meio de uma compensação ambiental. A proteção não chega a ser eficiente para evitar invasões ou o depósito irregular de lixo dentro da reserva ambiental.

— Tem muita gente que corta a cerca e constrói casa dentro do parque, mas, para isso, temos conseguido uma parceria boa com a prefeitura de Palhoça. Quem entra no parque e constrói é invasor, não tem direito, vamos lá e é feita a demolição. Acontece de demolirmos em um dia e na semana seguinte já ter uma nova construção, aí vamos e demolimos novamente. Mas parece que essa é uma briga que a gente vai conseguir vencer — avalia Cassini.

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Confira no mapa os principais pontos da área afetada pelo incêndio:

Polícia Militar Ambiental trabalha com conscientização

Para o coronel Marcelo Pontes, comandante da Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina, o parque é uma área bem protegida e fiscalizada. Ele explica que há uma rotina dos policiais de rondas frequentes no local, com viaturas, e monitoramento por drones.

Para a parte da prevenção, o coronel conta que o principal trabalho feito é de conscientização nas escolas e comunidades nos arredores do parque:

— Temos um trabalho educacional forte, com o programa de proteção ambiental para adolescentes e o PUMA (Programa Unidos Pelo Meio Ambiente), feito com alunos do ensino fundamental.

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