Eles não usam casaco e, pelo menos a maioria, não se dá bem com cobertores. Para enfrentar as gélidas temperaturas dos últimos dias, a bicharada se esquenta como pode. Há espécies, porém, para as quais o frio é insuportável. No zoo do Beto Carrero World, em Penha, onde vivem mais de mil animais de todo o mundo, é preciso dar uma forcinha para evitar que os mais sensíveis adoeçam quando o termômetro está lá embaixo. Medidas que vão desde reforço na alimentação até aquecedores parecidos com usados em casa – devidamente protegidos, para evitar queimaduras dos mais afoitos.
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Rinites, sinusites, gripes e suas complicações estão entre os problemas mais comuns causados pelo frio nos animais. Répteis e mamíferos são os que mais sentem as variações climáticas do inverno, em especial aqueles que têm baixa taxa de gordura corporal – como a chimpanzé Kendy, que não abre mão de um cobertor quando está frio. Um comportamento que, de acordo com o médico veterinário do zoo, Paulo Ribeiro, não é incentivado porque se assemelha ao humano. Mas não há como negar que a macaquinha coberta tem seu charme.
Mamíferos como Kendy têm acesso a ambientes aquecidos durante o dia todo, na parte de trás dos recintos em que são vistos pelos visitantes. À noite, ficam recolhidos nesses espaços, onde também recebem a alimentação.
Mais complicada é a situação dos répteis, como as iguanas. Adaptados a viverem em ambientes quentes, precisam de recintos aquecidos e com isolamento térmico o tempo todo para não adoecerem. Ribeiro explica que, sem cuidados, os animais sofreriam desvios metabólicos.
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– Podem ficar com os ossos fracos e a síntese de algumas vitaminas deixa de acontecer – explica.
Luz para aquecer
O terrário, onde são mantidas as serpentes, ganha aquecimento por meio de lâmpadas UV. Os recintos ficam com temperaturas entre 28°C e 30ºC. Em espaços como os que são reservados a pítons e jiboias, até mesmo a água é aquecida. No lado de fora dos recintos, pequenas lâmpadas e termostatos mostram se o sistema está funcionando.
Além de cuidados com a saúde, o aquecimento também evita queda no metabolismo dos animais, que pode acarretar, por exemplo, em mudanças na coloração da pele.
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– Diferente dos mamíferos, os répteis não têm controle de temperatura corporal, por isso exigem mais cuidados – diz o veterinário.
Embora o frio deixe os animais com uma certa preguiça, para quem visita o zoo é garantia de imagens tão belas como a de um bolinho de cabras se espremendo em um abraço e pássaros com o bico enfurnado entre as penas.
Branquelo, raro e friorento

Foto: Marcos Porto/Agência RBS
Ainda longe da área de exposição, um jacaré branco está entre os animais que mais inspiram cuidados no zoo do Beto Carrero World. Com quatro anos de idade, o jacaré de papo amarelo é portador de uma rara mutação genética. Diferente de animais albinos, que não têm pigmentos, ele é leucídico _ possui olhos escuros, mas a pele clara.
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O jacaré branco é um dos únicos no mundo mantidos em cativeiro. Foi encontrado na natureza, em Balneário Camboriú, e recolhido por moradores. Passou por um estágio no centro de animais selvagens da Polícia Militar Ambiental, em Florianópolis, e viveu por três anos no zoo de Pomerode, até chegar ao Beto Carrero.
O recinto onde é mantida a raridade possui isolamento térmico e aquecedor, protegido por uma grade metálica _ o que evita que o jacaré se queime. Também recebe mais alimentos do que comeria na natureza, durante o inverno. O jacaré branco terá em breve um recinto só para ele, no zoo do parque.