O primeiro prédio da Catedral de Joinville foi construído em 1867 no mesmo endereço da Rua do Príncipe onde ela está atualmente. Na época, o terreno possuía quase 31 mil metros quadrados, que incluíam a área onde atualmente está o Colégio dos Santos Anjos e o Hospital São José, e havia sido cedido pela sociedade colonizadora para a construção da primeira igreja católica da Colônia Dona Francisca.
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No início dos anos 1930, no entanto, a Catedral já estava pequena para a comunidade católica e o primeiro bispo de Joinville, Dom Pio de Freitas, iniciou o projeto e a campanha para arrecadar fundos para a construção de uma nova igreja. Com a recessão econômica causada pela Segunda Guerra Mundial, o prédio começou a ser construído nos anos 1940, mas não foi possível dar continuidade por falta de dinheiro. No fim dos anos 1950, com a chegada do novo bispo, Dom Gregorio Warmeling, o mundo havia mudado e o projeto antigo não parecia mais fazer sentido.
— Era uma igreja tipo tradicional, em estilo gótico e seria muito caro para construí-la. Havia acabado de acontecer o Concílio Vaticano II e muita coisa foi sendo reformada, com uma liturgia mais participativa com o povo, e dom Gregório olhou essa planta e disse que era hora de adaptar as igrejas, principalmente as que estavam sendo construídas naquele momento — recorda o Monsenhor Bertino Weber, 80 anos.
O religioso tinha 25 anos e era um padre recém-ordenado quando chegou a Joinville no momento em que a construção da nova Catedral São Francisco Xavier começava. Ele lembra que uma votação chegou a acontecer para que a comunidade escolhesse entre o projeto de igreja romana e o novo projeto, mais moderno — e que a decisão pelo modelo atual foi unânime.
Ele mesmo participou ativamente do trabalho braçal que a construção exigia na época, ao lado de centenas de voluntários que atuavam em três turnos. A construção começou em 1960 e só foi inaugurada em 1977, mas a Catedral só foi considerada concluída em 2005, quando o projeto foi totalmente cumprido com a construção da torre do campanário. A torre era um sonho de Dom Gregório que o Monsenhor Bertino comprometeu-se a realizar, ainda que tenha sido concluída sete anos depois da morte do antigo bispo da cidade.
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Monsenhor Bertino recorda que os vitrais foram produzidos em São Paulo e vinham de carreta para Joinville, geralmente de dois em dois. Eram montados como quebra-cabeças em Joinville e instalados por funcionários da construtora e voluntários — ele mesmo ajudou a encaixá-los no alto da Catedral.
— A maioria das igrejas faziam vitrais com santos, e nós queríamos algo diferente. Por isso, eles mostram atributos como a natureza, com o reino animal, vegetal e mineral — explica ele.
O religioso, que atuou durante 36 anos como pároco (padre responsável) na Catedral — primeiro entre 1968 e 2000 e depois em mais um período entre 2004 e 2008 — ressalta que o local desperta a curiosidade de quem o visita, especialmente engenheiros e arquitetos. A cúpula é sustentada por um arco de 68 metros de vão livre e a outra parte é amarrada ao centro por intermédio de tirantes, que partem da base das colunas. Na época da construção, primeiro foi necessário construir uma base no subsolo de cerca de 20 metros, o que permite que a edificação não tenha nenhuma coluna de sustentação no meio dela.
— Ela será sempre moderna. Existe uma na Austrália que é semelhante a ela, mas não há nenhuma igual à de Joinville — avalia Monsenhor Bertino.
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