O Parlamento da Crimeia convocou um referendo para o próximo dia 16, quando os cidadãos poderão escolher se desejam continuar na Ucrânia ou se unir à Rússia. A informação foi dada pelo vice-primeiro-ministro do governo pró-russo, Rustam Temirgaliyev.

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Na semana passada, o Parlamento da Crimeia já havia aprovado a realização de uma consulta para ampliar a autonomia em relação à república ucraniana que tem a maioria de sua população de língua russa.

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Fontes do governo pró-russo da Crimeia indicam que o referendo terá duas perguntas: “Você é a favor da reunificação da Crimeia com a Rússia, como parte da Federação Russa?” e “Você é a favor da aplicação da Constituição da Crimeia de 1992 e do estatuto da Crimeia como parte da Ucrânia?”

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após o afastamento do ex-presidente Viktor Ianukóvitch e da presença de militares russos na Crimeia, península do sul do país onde está localizada a frota da Rússia do Mar Negro.

A crise na Ucrânia começou em novembro, com protestos contra a decisão de Ianukóvitch de recusar a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia e promover uma aproximação com a Rússia. Em fevereiro, após meses de manifestações e confrontos no centro de Kiev, Ianukóvitch foi afastado, com a posse de um novo governo, pró-ocidental.

Crise na Ucrânia – veja a cronologia dos fatos:

6 de março: o Parlamento local da Crimeia pede a Vladimir Putin a anexação da península ucraniana à Rússia e anuncia a organização de um referendo em 16 de março. Grupo de 40 observadores militares da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) são esperados na Crimeia. Em Donetsk (leste da Ucrânia) a polícia retoma o controle de sede do governo regional, ocupado por milícias pró-Rússia. UE congela ativos de 18 autoridades ucranianas do regime Yanukovytch, incluindo o próprio presidente deposto. Em Bruxelas, cúpula extraordinária de líderes europeus.

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5 de março: as forças russas assumem o controle parcial de duas bases de lançamento de mísseis na Crimeia, em Fiolent perto de Sebastopol e em Evpatoria (fontes militares ucranianas). O enviado especial da ONU na Crimeia encurta sua missão depois de ser atacado por milícias pró-Rússia (ONU). A OTAN reforça a sua cooperação com a Ucrânia e examina a com a Rússia. Reunião em Paria entre os chefes da diplomacia americana e russa, John Kerry e Sergei Lavrov, que concordam em continuar o diálogo. Comissão Europeia apresenta uma ajuda para a Ucrânia de “pelo menos 11 bilhões de euros”.

4 de março: o presidente russo Vladimir Putin nega qualquer envolvimento russo na crise e denuncia um “golpe de Estado” contra o “único presidente legítimo”, Yanukovytch. Segundo ele, uma intervenção militar russa “não é necessária neste momento”, mis a Rússia se reserva o direito de recorrer a “todos os meios” para proteger seus cidadãos. As declarações de Putin “não enganam ninguém” (Barack Obama). Primeiros contatos “tímidos” entre o novo poder ucraniano e Moscou (Yatseniuk).

3 de março: Kiev acusa a Rússia de continuar a enviar militares para a Crimeia. Washington suspende sua cooperação militar com a Rússia.

2 de março: a Ucrânia se encontra” à beira da catástrofe”, após a “declaração de guerra” da Rússia (Yatseniuk).

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1º de março: o Conselho da Federação (Senado) russo aprova um pedido de intervenção militar na Ucrânia.

28 de fevereiro: Kiev acusa Moscou “de invasão armada e ocupação” após a tomada do controle dos aeroportos de Belbek (perto de Sebastopol) e de Simferopol por soldados armados, identificados pela população e os jornalistas como pertencentes às forças russas, que controlam de fato a península. Yanukovytch, procurado pela justiça “por mortes em massa”, foge para a Rússia e afirma se o “presidente legítimo” da Ucrânia.

26 de fevereiro: confrontos entre prós e anti-russos em Simferopol, a capital da Crimeia, uma república autônoma e de língua russa no sul da Ucrânia, que abriga a frota russa do Mar Negro. No dia 27, em Simferopol, o Parlamento, controlado por um comando pró-Rússia, vota pela realização de um referendo (30 de março) para mais autonomia e afasta o governo local.

23 de fevereiro: O presidente do Parlamento Olexandre Turtchynov é nomeado presidente interino. Arseni Yatseniuk é escolhido no dia 26 pelo Parlamento primeiro-ministro do governo de transição. No dia 24, a Rússia contesta a legitimidade do novo poder.

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22 de fevereiro: o Parlamento destitui o presidente Viktor Yanukovytch e anuncia eleições presidenciais antecipadas para 25 de maio, apesar de um acordo de saída da crise assinado na véspera entre o poder e a oposição. A ex-premiê Yulia Timoshenko é libertada.

18 a 20 de fevereiro: aumento da violência em Kiev, onde os confrontos entre manifestantes e policiais fizeram 82 mortos. Milhares de pessoas ocupam há três meses Maidan, a praça da Independência no centro de Kiev. A contestação nasceu do descontentamento com a decisão do poder ucraniano de abandonar um acordo de associação com a União Europeia em favor de uma aproximação com a Rússia.