Senadores e deputados bolsonaristas defendem a abertura de uma CPI e de um pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. Uma reportagem da Folha de S.Paulo publicada na terça (13) revelou mensagens de WhatsApp em que o ministro pede à Justiça Eleitoral, de maneira extraoficial, a produção de relatórios para embasar decisões contra bolsonaristas no inquérito das fakes news no Supremo Tribunal Federal (STF).

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

As mensagens, segundo o jornal, revelam um fluxo fora do rito envolvendo STF e TSE. Nesse caso, o órgão de combate à desinformação da Corte Eleitoral era usado para investigar e abastecer um inquérito que tramita em outro tribunal, o Supremo, em assuntos relacionados ou não com o pleito de 2022.

Em nota à imprensa, o gabinete de Moraes disse que o TSE tem poder de polícia e investigações estão ligadas com STF.

Bolsonaristas apelidaram a revelação de “Vaza Jato do Xandão”, de acordo com o jornal Metrópoles. Trata-se de uma referência ao vazamento de conversas do Telegram entre Sergio Moro e outros integrantes da Lava Jato, mostrando que o então juiz cedeu informação privilegiada e ajudou o Ministério Público Federal (MPF) a construir casos.

Continua depois da publicidade

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o relato pode representar crime e interferência ilegal nas eleições em que o pai foi derrotado por Lula (PT).

—Se isso aqui for confirmado é uma prova de uma interferência direta do presidente do TSE dando ordem para prejudicar um candidato. Desequilibrando a disputa presidencial. Algo que já suspeitávamos. Se confirmando isso aqui, é uma prova de que houve essa interferência, pessoal, direta, criminosa —discursou Flávio no plenário do Senado.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) já tinha preparado um novo pedido contra Moraes e agora diz estar trabalhando para incluí-lo a tempo de apresentar o documento nesta quarta-feira (14). “A reportagem deve reforçar o pedido de impeachment coletivo, que já tem [o apoio de] mais de 12 senadores e dezenas de deputados. Mas esse número deve subir”, afirmou à Folha.

Eleição 2024 em SC se desenha com reviravoltas e ineditismos nas 10 maiores cidades

O que dizem as mensagens

A reportagem da Folha teve acesso à troca de mensagens no WhatsApp entre Moraes e assessores entre agosto de 2022, já durante a campanha eleitoral, e maio de 2023, período em que o ministro presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nos arquivos está o seu principal assessor no STF, que ocupa até hoje o posto de juiz instrutor, e outros componentes da sua equipe no TSE e no Supremo.

Continua depois da publicidade

Nas mensagens, os assessores relataram irritação do ministro com a demora no atendimento às suas ordens. “Vocês querem que eu faça o laudo?”, questionou o ministro. “Ele cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia”, comentou um dos assessores. “Ele tá bravo agora”, disse outro.

As conversas de WhatsApp foram trocadas em sua grande maioria entre o juiz instrutor Airton Vieira, assessor de confiança de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, um perito criminal que comandava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE. Tagliaferro deixou o cargo no tribunal eleitoral em maio de 2023, após ser preso sob suspeita de violência doméstica contra a sua esposa, em Caieiras (SP).

À revelia de Jorginho, nome do governador fica eternizado no Contorno Viário

O que diz Moraes

Em nota, o gabinete esclareceu que “nos termos regimentais, diversas determinações, requisições e solicitações foram feitas a inúmeros órgãos, inclusive ao Tribunal Superior Eleitoral, que, no exercício do poder de polícia, tem competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas, como desinformação, discursos de ódio eleitoral, tentativa de golpe de Estado e atentado à Democracia e às Instituições”.

Foi explicado ainda que os relatório descreviam publicações ilícitas feitas nas redes sociais devido “estarem diretamente ligadas às investigações de milícias digitais”.

Continua depois da publicidade

“Vários desses relatórios foram juntados nessas investigações e em outras conexas e enviadas à Polícia Federal para a continuidade das diligências necessárias, sempre com ciência à Procuradoria Geral da República. Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República”, finaliza a nota.

*Com informações do Metrópoles e da Folha de S.Paulo.

Leia também

Café com Ânderson de 14 de agosto de 2024: os bastidores e notas desta quarta-feira

Avança na CCJ projeto que prevê quatro deputados federais a mais para SC