A França quer “medidas concretas para restabelecer rapidamente a confiança” no mercado financeiro, e defenderá, na cúpula do próximo sábado em Washington sobre a crise, a proposta européia de que nenhum ator econômico escape a “uma supervisão apropriada”. Estas são algumas das idéias adiantadas pela ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, que, em entrevista publicada nesta segunda pelo jornal “Le Figaro”, comemorou a boa aceitação da proposta européia na reunião do G20, grupo que reúne países desenvolvidos e emergentes, realizada no último fim de semana em São Paulo.

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Segundo Lagarde, a União Européia (UE) quer “revisar os mecanismos de regulamentação e de vigilância para que nenhum ator (agências de qualificação, fundos de investimento, paraísos fiscais) escape a uma supervisão apropriada”.

Também pretende responsabilizar o sistema financeiro, principalmente no âmbito das remunerações e regras contábeis, e uma maior coordenação das autoridades e dos mercados na vigilância de riscos, afirmou.

A UE pretende ainda que o Fundo Monetário Internacional (FMI) seja “o pivô da estabilidade financeira mundial dando-a mais legitimidade, mais peso político e mais meios”. A ministra francesa reconheceu que há entraves em alguns pontos, já que enquanto alguns países são mais favoráveis à regulação, outros, “como os Estados Unidos, são bem menos”.

Nesse sentido, admitiu que “a idéia de submeter às agências de qualificação a vigilância provoca discussões”, assim como a convergência das normas contábeis. Em termos gerais, Lagarde argumentou que “é necessária uma resposta coletiva e organizada, tanto no plano monetário e econômico quanto no financeiro, já que o sistema atual falhou”.

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O secretário-geral do Palácio do Eliseu, Claude Guéant, já tinha indicado no domingo que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, não pretende ir no dia 15 a Washington “simplesmente porque da cúpula sairão apenas ‘vagas declarações de princípio'”.

Guéant ressaltou que Sarkozy, presidente em exercício da União Européia, cumpre sem mandato de maneira “perfeitamente clara”. O funcionário também disse que após a reunião do sábado na capital americana haverá outra sobre a reforma do sistema financeiro internacional, e que a seguinte será feita “dentro de 100 dias”, assim que o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, já tiver assumido o cargo.

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