Parentes e amigos relembram a noite de horror em Otacílio Costa

O agricultor Aguinaldo Borgeti foi o primeiro a encontrar Selma Schneider, 44 anos, única sobrevivente da chacina em que quatro pessoas foram mortas a facadas na noite de domingo, 17, na comunidade de Fundo do Campo, no município de Otacílio Costa, na Serra catarinense. Um suspeito já foi preso e outro está foragido — a Polícia Civil já pediu a prisão preventiva de ambos, que são cunhados.

Selma havia acabado de ver o marido, Estuarte Schneider, 51 anos, e a filha mais nova do casal, Evelin Schneider, 8 anos, serem mortos na casa da tia de Estuarte, Laurita Muniz da Costa, 63 anos, e do companheiro dela, Sebastião Pereira, 57 anos, que também morreram esfaqueados.

Borgeti a encontrou na estrada em frente à residência de Laurita, pedindo ajuda. Borgeti a levou em estado de choque até a casa dele, nas proximidades. Com a chegada da polícia, instantes depois, o agricultor foi até o local do crime.

— Não apago aquela imagem da menina deitada. Não tem como esquecer.

Conheça o perfil das quatro vítimas da chacina de Otacílio Costa

Familiares e polícia contam que Estuarte, Selma e a filha foram visitar Laurita e Sebastião depois de todos terem ido ao culto da Assembleia de Deus. Os donos da casa chegaram momentos antes e estacionaram a Parati vermelha na garagem. Logo depois, Estuarte estacionou o Uno preto da família e entrou, enquanto a esposa tomava um remédio. Assim que pisou na cozinha, ele teria sido surpreendido pelos dois suspeitos.

Na sequência, Selma e Evelin, assustadas com os gritos, foram até a casa, quando os homens teriam puxado a garota para dentro da casa.

— O Estuarte gritou para ela (Selma) fugir que ele teria sido esfaqueado — relata Valmir Pires, primo de Estuarte.

A maioria das facadas foi no pescoço das vítimas. Estuarte e a filha estavam na cozinha, enquanto Laurita e Sebastião foram encontrados no quarto deles, em cima da cama. Ilesa, Selma foi internada no Hospital de Otacílio Costa em estado de choque. Nesta segunda-feira, ela recebeu alta.

As vítimas

Além de Evelin, o casal tem uma filha casada que mora em Caxias do Sul (RS). Laurita era mãe de quatro filhos, sendo que um morreu há 14 anos num acidente de trânsito. A aposentada sofria de problemas para caminhar. Mariza Souza, que trabalhava na casa, lembra que para andar ela precisava de muletas.

Sebastião não tinha filhos. Ele era agricultor e ajudava a aumentar a renda dos dois salários de aposentadoria de Laurita com a venda de leite para uma cooperativa local. Estuarte trabalhava como agente de saúde no posto da comunidade do Fundo do Campo. Em moto, fazia atendimentos nas residências. Já Selma era dona de casa, enquanto Évelin estudava na escola do Fundo do Campo.