Cerca de 300 pessoas participaram em Brasília de uma missa em homenagem às vítimas do acidente com o vôo 1907 da Gol, ocorrido há dois anos. Parentes dos passageiros reclamaram da lentidão do processo criminal no Brasil e da demora da Justiça dos Estados Unidos em ouvir os pilotos do jato Legacy – fabricado pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) – que colidiu com o Boeing da Gol no ar. Após a missa, os familiares se reuniram no Jardim Botânico de Brasília para plantar 154 árvores em memória das vítimas.

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A queda do avião pôs fim aos 34 anos de casamento de Neuza Felipeto Machado e Valdomiro Henrique Machado. Valdomiro era uma das 154 pessoas que estava no vôo 1907. Na véspera dos dois anos do acidente, que ocorreu em 29 de setembro de 2006, Neuza Machado lembrou a dor das famílias durante os dias que se seguiram à tragédia.

– Foram dias de espera e angústia até que nossos parentes foram localizados.

Pouco antes da missa, Neuza afirmou que nesses dois anos foram poucos os resultados das investigações sobre o choque entre o avião da Gol e o jato Legacy e considerou que a Justiça age com lentidão.

– Estamos sempre angustiados porque percebemos que nossa Justiça é muito lenta. A justiça que pedimos não é a prisão de quem quer que seja, mas que a verdade venha a tona para corrigir os erros, para não acontecer outro acidente desse porte – disse.

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A reclamação sobre o ritmo e os caminhos da investigação é recorrente entre os parentes de vítimas. Anne Caroline Rickli, que integra a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907 e teve a mãe morta no acidente, cobra a conclusão do relatório sobre o choque entre os dois aviões.

– Já faz dois anos e esse relatório não foi apresentado. Os pilotos do Legacy não vieram ao Brasil depor e acreditamos que eles não vão vir.

Para ela, a demora na conclusão do caso alonga o sofrimento das famílias.

– A lentidão da Justiça e do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) em liberar o relatório final se arrasta há dois anos e as pessoas não conseguem fechar o ciclo, enterrar seus mortos. Eles ficam vivos enquanto isso não é encerrado pelo Judiciário e a Aeronáutica.

Rinaldo Barbosa – que teve o sobrinho Alexandre Barbosa, de 34 anos, morto na queda do avião – também reclama da demora no resultado.

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– Estamos esperando a Justiça brasileira porque o inquérito em si não foi encerrado, já se passaram dois anos e até agora não temos resultados.

O sobrinho de Rinaldo era ecologista, estava morando em Manaus e viria a Brasília para participar de um seminário e rever os parentes.