Familiares das crianças catarinenses mortas pelo pai na cidade de Ponce disseram nesta segunda-feira que o enterro deve ocorrer em Porto Rico. A decisão teria partido da mãe das vítimas, Marlene Martins da Rocha, que fez o reconhecimento ainda na tarde de sábado. Segundo os parentes, dificilmente a mãe irá mudar de ideia. Os corpos serão liberados nesta segunda-feira para o velório. O enterro deve ocorrer nesta terça-feira.

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O crime ocorreu na última quarta-feira, dia 2 de novembro. Três crianças catarinenses foram estranguladas pelo pai na cidade portorriquenha de Ponce. O homem cometeu suicídio em seguida. As vítimas eram nascidas em Criciúma, mas boa parte da família é de Forquilhinha, também no Sul catarinense.

O repórter do Diário Catarinense Emerson Gasperin esteve em Ponce. No local onde o crime ocorreu, um condomínio de classe alta para os padrões brasileiros, vizinhos preferem não falar sobre o episódio que chocou a cidade. Para entrar e sair do empreendimento, apenas com permissão de moradores.

Até então um local pacato, a calmaria do lugar foi interrompida às 8h do dia 2 com o barulho das sirenes e a movimentação de policiais e socorristas em frente ao sobrado A25 da Rua Amarillis. Feita a retirada dos quatro corpos, o silêncio voltou, mas por outro motivo.

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— Foi a vizinha da frente que avisou. A gente ainda não acredita no que aconteceu. Erick (uma das vítimas) e meu filho de sete anos costumavam brincar de bicicleta. Nem sei como vou contar para ele. Mandei-o para a casa dos avós e disse que seu amigo estava viajando — conta o mecânico de aviões Francisco Silva, 42 anos, da casa no início na rua.

Francisco foi um dos poucos moradores do local que concordou em falar sobre o que o portorriquenho Erik Seguinot Ramirez, 50 anos, fez com os filhos. Ele havia alertado que a comunidade é composta por pessoas de terceira idade, e que seria difícil conseguir alguma informação.

De fato, quase ninguém atendeu nas casas, mesmo que ruídos vindos do interior indicassem a presença de gente. O advogado William Feliciano Ruiz, 92 anos, morador da rua paralela, também topou falar.

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— Aqui moram muitos médicos, engenheiros, advogados, nunca aconteceu nada parecido antes. Jamais imaginei que ele seria capaz disso. De vez em quando, eu o via dando umas caminhadas, parecia um sujeito de paz — diz o senhor.

Na tragédia morreram Erick, 10 anos; Eileen, de oito; e Emmanelis, de seis anos. O pai, que cometeu suicídio, usava tornozeleira eletrônica em razão de casos de agressões. Marlene já o havia denunciado duas vezes por violência doméstica — a última em 10 de outubro, quando ele a agrediu diante das crianças.

O casal estava separado. No dia do crime, ela fazia um treinamento nos Estados Unidos para aperfeiçoar os serviços oferecidos pela Estética Brasileira, da qual é proprietária. Com a tornozeleira eletrônica, o homem aguardava pela definição de sua situação, marcada pela Justiça para 17 de novembro.

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Não deu tempo. As crianças foram encontradas mortas cada uma em suas camas, ainda de pijama, e o pai pendurado pelo pescoço nos fundos da casa.

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