O coronavírus atingiu em cheio a família de Fernando Cardoso de Souza. Moradores de Navegantes, eles viram de perto a gravidade da doença na região da Foz do Rio Itajaí, que segundo os dados do governo do Estado tem a situação mais crítica em relação à pandemia em Santa Catarina, com a maior taxa de incidência.

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Primeiro Fernando viu um primo morrer pela Covid-19, depois o vírus chegou a casa dele. A esposa teve o diagnóstico positivo da doença no dia 27 de maio, e alguns dias depois ele também estava com o novo coronavírus. O filho mais novo do casal, de 15 anos, chegou a sentir alguns sintomas, mas os exames deram negativo. Cansaço, perda de paladar e coriza foram os sintomas mais comuns, mas nada grave para o casal, que apenas manteve o isolamento em casa e tomou alguns medicamentos.

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No dia 6 de junho a filha mais velha, Jade, 21 anos, acordou com falta de ar.

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– Ela acordou muito ruim, não conseguia respirar direito, não parava de tossir. Levamos ela no centro de triagem aqui em Navegantes, a médica atendeu, receitou remédio e mandaram a gente comprar um inalador. Como temos plano de saúde, decidimos leva-la ao hospital em Balneário Camboriú. Lá, botaram ela no oxigênio e fizeram uma tomografia do pulmão, que mostrou que o coronavírus já tinha afetado mais de 60% dos pulmões dela – lembra o pai.

Jade foi internada no mesmo dia, um sábado, e na quarta-feira precisou ser sedada e entubada. Foram 15 dias de coma induzido e respirando através de um ventilador mecânico, até a recuperação e a volta para casa.

– O drama é que tu leva ela para fazer a consulta achando que só iria tomar um remédio e voltar para casa. Mas ela ficou lá, sem poder visitar, sem poder ter acompanhante. A gente só ficava sabendo pela ligação do médico passando o boletim com o quadro dela todos os dias. No começo parece meio surreal, parece que você não acredita, acha que vai ficar uns três dias e voltar, mas a coisa vai ficando séria. Parece que fica faltando algo dentro de casa, você se sente impotente, fica torcendo sempre para a ligação do médico ser melhor. O teu dia fica em função de esperar o boletim médico – conta o pai.

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Há pouco menos de duas semanas Jade teve alta e voltou para casa, iniciando uma recuperação que demanda paciência e esforço. A estudante conta que não lembra de nada dos dias entubada no hospital, e tem poucas memórias do momento em que acordou após a sedação de 15 dias:

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– Foi bem difícil, eu estava com sonda, não comia, apagava por causa dos remédios. Parece que perdi um mês da minha vida – afirma a estudante.

Cerca de 10 dias depois de sair do hospital, Jade continua usando a cadeira de rodas para se locomover e tem a voz fraca pelos machucados que o período entubada deixou nas cordas vocais. Com fisioterapia diária está recuperando a força nos músculos que perdeu enquanto ficou sedada.

– Acho que as pessoas deviam se informar mais, pesquisar, ler sobre o coronavírus, não acreditar em qualquer mensagem de WhatsApp. O negócio é sério, sou jovem, não tenho nenhuma doença pré-existente. As pessoas só sentem na pele quando é um familiar, um amigo, mas tem que se cuidar e levar a doença a sério. Pode acontecer com qualquer um, não tem como adivinhar quem vai ter algo leve e quem vai parar no hospital – alerta a jovem.

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