Por volta das 9h30min desta sexta-feira (11), o oceanógrafo Carlos Cassini, coordenador do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, viu do mirante mais um sinal de fumaça no horizonte. Era o quinto incêndio na maior área de preservação de Santa Catarina em um mês.
Continua depois da publicidade
Após quase nove horas de trabalho, junto com bombeiros, polícia ambiental e voluntários, o foco, próximo à Estrada do Espanhol, em Palhoça, foi controlado. Em entrevista por telefone durante a noite, Cassini voltou a dizer que acredita que os incêndios sejam criminosos, e revelou cansaço.
— Vou te falar que estou cansado. Bem cansado. Na hora que a gente vê a fumaça, a gente corre lá, arma o equipamento e vai combater. Não tem raiva, alegria, não tem emoção. Mas depois… Olha, acho que as pessoas que estão fazendo isso estão queimando a própria alma — diz o coordenador.
Cassini, que tem 55 anos e há dois coordena o parque, comenta que é comum que haja casos de queimadas em locais como o da Serra do Tabuleiro, mas que este ano a situação está fora do normal. Diante da sucessão de incêndios vista no último mês e da mobilização para combatê-los, o coordenador do parque acredita que haja uma espécie de reação por partes dos possíveis autores.
— Parece uma provocação. Porque a gente está dando uma resposta. A organização para combater o fogo está funcionando, e acho que estamos frustrando esse pessoal. Está sendo uma quebra de braço.
Continua depois da publicidade
Perguntando sobre os motivos para as queimadas, ele se limita a dizer que processos de invasão da área podem estar por trás dos incêndios, mas prefere deixar o assunto para a polícia, que é responsável pelas investigações.
Mais de 1 mil hectares destruídos
Após cinco incêndios no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, a estimativa é de que mais 1 mil hectares já tenham sido destruídos em 30 dias. O maior deles ocorreu entre 10 e 11 de setembro, queimando cerca de 800 hectares.
O local é a maior reserva contínua de Mata Atlântica de Santa Catarina e abriga diversas espécies tanto de fauna, quanto da flora.
Para tentar minimizar o problema e identificar possíveis responsáveis pelos incêndios, a administração do parque pretende instalar câmeras de monitoramento nas áreas mais vulneráveis.
Continua depois da publicidade
Além disso, desde o dia 1º de outubro, a Defesa Civil e várias entidades, como os Bombeiros e a Prefeitura de Palhoça, começaram a produzir um plano de contingência para a área. A ideia é pensar em formas de prevenção e também de combate ainda mais rápido e eficaz para situações como essas.