Usar as propriedades de uma das árvores mais comuns de serem encontradas em Santa Catarina e transformá-la em um remédio fitoterápico analgésico e anti-inflamatório. Em resumo, é este o projeto desenvolvido pela Univali que está entre os três finalistas do Prêmio Guia do Estudante – Destaques do Ano 2013. A categoria em que a universidade de Itajaí concorre é a Parceria com o setor privado e o resultado será divulgado no dia 19 de novembro, em uma cerimônia em São Paulo.
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A parceria que credenciou a Univali a concorrer nesta categoria começou na década de 1990, com a Eurofarma, laboratório que tem sede em Itapevi (SP). Desde 1997, os estudos entre a universidade e a empresa estão em andamento e a previsão é de que, em 2015, um novo medicamento fitoterápico chegue ao mercado para auxiliar as pessoas que sofrem com dores pelo corpo.
Quando comercializado, será o primeiro fitoterápico analgésico e anti-inflamatório de uso oral totalmente desenvolvido no Brasil, e comparável aos medicamentos sintéticos largamente comercializados no mercado.
– O projeto começou pequeno e, aos poucos, em função dos resultados promissores obtidos, evoluiu, com aprovações em órgãos de fomento e avanços na pesquisa – conta Valdir Cechinel Filho, pró-reitor da Univali e um dos coordenadores do projeto.
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Desde o início, foram envolvidos 10 professores doutores da Univali, além de parceiros terceirizados, e aproximadamente cem alunos de graduação e 20 de pós-graduação, especialmente do mestrado em Ciências Farmacêuticas.
O comprimido é extraído das folhas da Aleurites mollucana, uma árvore popularmente conhecida como nogueira-da-índia. Os primeiros testes, realizados em camundongos, mostraram que o efeito do flavonoide triterpenos, encontrado no pó das folhas, foi 16 vezes mais potente do que a aspirina.
– Acreditamos que o medicamento vá para o mercado, pois temos a certeza de ter um fitoterápico com potencial terapêutico de qualidade, seguro, eficaz e com custo mais baixo – diz Cechinel.
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Estudos começaram em 1995
A parceria da Univali com a Eurofarma foi firmada em 1997, mas os estudos com a nogueira-da-índia começaram dois anos antes. O agricultor Carlos Piccoli, de Tijucas, procurou a universidade porque tinha uma propriedade com vários exemplares da árvore. Ele queria descobrir uma nova utilidade para a planta, além da produção de óleo para a indústria.
Depois de 17 anos de estudos, da obtenção da patente da espécie junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual e do investimento de R$ 3 milhões, os pesquisadores e a empresa farmacêutica estão bem próximos de concluir e distribuir o medicamento. O andamento dos testes finais, realizados em humanos, são animadores. A primeira fase já foi concluída, sendo que cem pessoas se submeterem ao teste de segurança e o medicamento não apresentou nenhum grau de toxicidade.
Os estudantes participaram efetivamente em atividades de pesquisa, incluindo as etapas de isolamento, identificação de substâncias e de marcadores químicos, farmacologia e farmacotécnica (formulação).
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– Nesse tipo de parceria, o papel de cada um é bem definido. A universidade entra com a expertise de identificar a molécula potencial, fazendo os testes mais celulares, e a indústria entra com a tecnologia de desenvolver o produto em um medicamento e produzi-lo em escala – diz Laura Pinheiro, diretora médica da Eurofarma.
Para a universidade, a parceria propiciou recursos para investimento na formação de recursos humanos, com bolsas para alunos de graduação, mestrado e doutorado, e melhorias na infraestrutura. Foram adquiridos equipamentos de ponta, que contribuíram para as análises e, assim, para a melhoria da qualidade de ensino, pesquisa, extensão e prestação de serviço. Houve ainda aumento da produção científica, por meio da publicação em periódicos de impacto.
Os resultados ainda não chegaram aos consumidores finais, mas podem render um segundo prêmio para a universidade. O primeiro deles foi o Prêmio Caspar Stemmer de Inovação/Fapesc, conquistado no fim do ano passado.
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