A auditora fiscal Margot Krause Teixeira, 70 anos, não acreditava, em 1994, que ao escrever uma carta ao Diário Catarinense pudesse mudar tantas vidas. Ao detalhar as dificuldades que passava na BR-101 – na época não era duplicada em nenhum dos dois sentidos-, a leitora começou a fazer parte da história do jornal como outros episódios que estão nas 10 mil edições.

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A parceria que marcou o canal de comunicação com o leitor ajudou a duplicar o trecho Norte da rodovia.

No trajeto de Florianópolis a Balneário Camboriú aos finais de semana, a auditora fiscal precisava atravessar a BR-101. Ela sabia bem a quantidade de mortes que aconteciam ali. As notícias sobre os problemas eram constantes:

– A gente via toda semana mortes na estrada, aquilo ia me angustiando – relembra.

Além das mortes, Margot enxergava outros problemas no percurso que fazia. O atraso das entregas, que custava caro ao comércio, à indústria e aos consumidores; e o prejuízo ao turismo, já que muitos moradores do Rio Grande do Sul, Paraná e de SC deixavam de ir ao Litoral por causa das condições da estrada.

Resolveu colocar isso em uma carta endereçada ao jornal Diário Catarinense, que na época ficava no Bairro Itaguaçu, na parte continental da Capital.

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Uma forma de mobilização

– Vi na RBS e no DC uma maneira de mobilizar a sociedade. O jornal sempre dizia que era voltado para a comunidade. Se ele dizia isso, pensei que iria se voltar para o público – diz.

Margot explicou as três razões para que a BR-101 fosse duplicada na carta escrita em máquina de escrever. Mas não ficou só nisso. Depois de feita a correspondência, achou que deveria telefonar também. Ligou diretamente para o diretor da RBS, Pedro Sirotsky. Ela lembra que foi atendida prontamente.

– Eu expliquei tudo e na mesma hora ele topou. Disse: mas é isso mesmo! Vamos fazer a campanha!

Foi a partir desse canal de comunicação com o leitor, que na época envolvia basicamente cartas e telefone, que começou a campanha por um abaixo-assinado pedindo a duplicação da BR-101 no trecho Norte. O resultado foram 500 mil assinaturas recolhidas e entregues em setembro de 1994 ao então presidente da República, Itamar Franco. No ano seguinte, foram outros 500 mil nomes levados ao presidente Fernando Henrique Cardoso.

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A mobilização contou ainda com o empenho pessoal de Margot, que pediu a representantes da sociedade como prefeitos, policiais, comerciantes e empresários para que se engajassem na campanha e colhessem assinaturas. O resultado não poderia ser melhor.

– Que bom que a rodovia foi duplicada, quantas mortes podem ter sido evitadas! – ressalta a auditora.