Depois de 10 horas de viagem – e apenas três de sono – entre a Inglaterra e o Brasil, o que menos se via no rosto do paratleta itajaiense Flávio Reitz na tarde de terça-feira era cansaço.

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Com o sorriso aberto de quem bateu o recorde brasileiro do salto em altura nas Paralimpíadas de Londres, na primeira disputa internacional, o esportista conversou com a imprensa sobre a marca inédita, para depois desfilar sobre o carro aberto do Corpo de Bombeiros por algumas das principais ruas de Itajaí e ser saudado pela população da cidade.

Natural de Francisco Beltrão, no Paraná, Flávio se mudou para o Litoral catarinense em 2009. Por aqui teve o primeiro contato com o atletismo, já em 2011, e desde então tem se destacado nas competições.

O 5º lugar nas Paralimpíadas (salto de 1,68m) mesmo com pouco tempo de preparação específica, serve de incentivo para que, com maior planejamento, o resultado seja ainda melhor em 2016 no Rio de Janeiro.

– Refletindo sobre minha participação em Londres, vejo que tenho condições de ganhar uma medalha nas próximas Paralimpíadas. Espero que seja a de ouro – diz o paratleta.

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Confira a entrevista completa do atleta para O Sol Diário:

Depois do resultado inédito em Londres, qual a próxima competição que você disputa?

Em junho do ano que vem tem Mundial de Atletismo em Lyon, na França, e o objetivo é conquistar medalha. Não existe outra opção quando a gente está no esporte de rendimento. Temos nove meses até a competição e dá para fazer um trabalho legal neste período. Em todo esse processo do atletismo eu venho ultrapassando marcas até chegar na altura de 1,68m em Londres. Com 1,74m dá pra buscar medalha, e uma preparação bem estruturada permite sonhar com isso.

O que esperar das Paralimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro?

Para 2016 vou conseguir trabalhar um ciclo paralímpico completo, de quatro anos. Depois de conseguir a 5ª colocação em Londres, a gente só pode esperar medalha no Rio. Penso que tenho condições de ganhar uma medalha, espero que seja a de ouro.

O apoio ao paradesporto é satisfatório no Brasil e em Santa Catarina?

Ainda tem muito para evoluir, em equipamento, profissionais e atletas. Para nós hoje está legal, dá para trabalhar. Atualmente Santa Catarina só perde para São Paulo e Rio de Janeiro em estrutura, e dentro do Estado Itajaí está entre as três melhores cidades para a prática esportiva de pessoas com deficiência.

Em relação ao esporte, o investimento no paradesporto ainda é muito pequeno?

Existe um abismo entre os dois e mesmo assim temos desempenhos expressivos. Um bom exemplo disso é o futebol. A seleção masculina, com atletas recebendo salários de R$ 1 milhão, conquistou a prata nas Olimpíadas. A seleção de futebol de cinco (atletas com deficiência visual), com jogadores recebendo bolsa-atleta de R 3 mil, ganharam o ouro nas Paralimpíadas. Para nós cada prova, medalha ou resultado é uma superação.

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Perfil:

Nome: Flávio Reitz

Idade: 25 anos

Naturalidade: Francisco Beltrão (PR)

Modalidade paradesportiva: salto em altura, classe F42

Principais resultados no salto em altura

Etapa Regional Rio/Sul do Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Natação e Halterofilismo 2011

– ouro com 1,56m (quebra de recorde brasileiro)

Parajasc 2011

– ouro com 1,50m

1ª Etapa Nacional do Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Natação e Halterofilismo 2011

– ouro com 1,53m

2ª Etapa Nacional do Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Natação e Halterofilismo 2011

– ouro com 1,62m (quebra de recorde brasileiro)

1ª Etapa Nacional do Circuito Loterias Caixa de Atletismo, Natação e Halterofilismo 2012

– ouro com 1,65m (quebra de recorde brasileiro)

Paralimpíadas de Londres 2012

– 5º lugar com 1,68m (novo recorde brasileiro)