O jornalista e instrutor de parapente Fábio Barretto Fava, 38 anos, esteve entre a vida e a morte após o seu primeiro salto de base jump realizado no Monte Brento, na região dos Alpes no Norte da Itália. Morador de Florianópolis, ele contou o ocorrido em uma rede social. Expôs publicamente os momentos dramáticos após o acidente ocorrido na manhã do dia 16 de julho. O relato de Fábio é sobre um pulo que aconteceu dois dias antes do acidente que provocou a morte de Andrezão, morador de Balneário Camboriú, que praticava bse jump na Noruega.

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Deitado em uma cama do hospital Santa Clara, o jornalista formado pela UFSC procurou tranquilizar os amigos e familiares. Especialista em acrobacias de parapente, Fábio já praticava o sky diving (salto de paraquedas com auxílio da wing suit, a roupa de morcego) e se preparava para começar no base jump, o mais arriscado dos esportes aéreos.

Os primeiros segundos do salto realizado na colina italiana foram incríveis, segundo relato de Fábio. A falha técnica aconteceu no momento de abrir o paraquedas. Ele não encontrou o “pilotinho”, a alça que aciona o equipamento na primeira tentativa.

– Minha velocidade imediatamente se converteu em velocidade vertical, perdi a altura que me restava e, por um milagre da vida (mão de Deus), consegui na segunda tentativa. A abertura ocorreu muito baixo e, com o paraquedas parcialmente aberto, me choquei com o solo – contou.

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O impacto foi violento. Estirado no chão, mas consciente, Fábio disse ter começado a “trabalhar para salvar a própria vida” ao perceber que havia sofrido uma compressão na coluna, fraturas na pélvis, no fêmur e tíbia da perna esquerda, além de sentir o pé direito “explodir” dentro do tênis.

– Em grande parte, além da mão de Deus, a meditação Vipassana salvou minha vida. Consegui manter a calma para gritar (isso, gritar) por socorro por 12 minutos, até que meu amigo chegou, impressionado por me encontrar vivo, calmo e sereno.

Fábio pediu para acionar o resgate por helicóptero, pois acreditava que não lhe restavam mais que alguns minutos de vida. Conhecido pela rapidez e eficiência, o resgate chegou em três minutos.

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– Enquanto era tratado no próprio local, fui tendo a maior de todas as experiências de toda minha vida. Foi a minha calma que me salvou, além do pensamento constante nos meus familiares que tanto me amam e se preocupam. Entrando no helicóptero eu sabia que me restavam poucos minutos de vida. Preciso agradecer àquela gente que me salvou – relatou.

Foram três minutos até a chegada no hospital Santa Clara, referência em reanimação e politraumatismo, onde teve que passar por seis horas de cirurgia.

– Tudo o que precisava ser operado foi colocado de volta no lugar. Eu nasci de novo, no dia 16 de julho de 2012. Agora tenho pela frente uma longa recuperação, dois anos no mínimo, para voltar a andar, e quem sabe levar uma vida normal -previu.

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Antes de se despedir dos amigos, Fábio faz um pedido:

– Quem puder, reze pela minha recuperação. O caminho ainda nem começou. Prezem suas famílias, são as pessoas mais importantes do mundo. Agora é orar, trabalhar e levar adiante. Meu muito obrigado – concluiu o paulista de São José do Rio Preto, radicado em Florianópolis desde a década de 1990.

Práticas de esportes aéreos começo em 1996

A intimidade de Fábio Barreto Fava com os esportes aéreos começou em 1996 e ele é reconhecido como pioneiro nas acrobacias em parapente no Brasil, inclusive com participações em eventos internacionais.

Quatro anos após começar a voar, o paulista fez um curso para aprender os movimentos pendulares que serviram de base para as primeira acrobacias. Em 2001, Fábio viajou para Europa e, em dupla com Renato Curreca, participou das primeiras competições de acrobacias com parapente.

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Nos dois anos seguintes, Fábio se dedicou a treinar e buscar equipamentos que oferecessem maior segurança. Em 2004, o jornalista voltou a competir e conseguiu o melhor resultado de um brasileiro com a quarta colocação em um evento na França.

O jornalista fundou uma empresa em 2005 para comercializar no Brasil equipamentos para voo e a partir de 2010 passou a se concentrar em outras modalidades, como o Sky Diving e o Base Jump, com utilização da wing suit, conhecida também como roupa de morcego.