No começo da manhã desta terça-feira (12), a cena em diversos pontos de ônibus de Blumenau era a mesma: pessoas com semblantes preocupados, sem entender a demora do transporte coletivo. O “atraso”, porém, era paralisação. Todas as 76 linhas do serviço vão ficar 24 horas sem circular, disse o Sindicato dos Empregados do Transporte Coletivo Urbano (Sindetranscol).
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Com motoristas e cobradores de braços cruzados, o impacto foi grande na rotina de cerca de 78 mil blumenauenses que usam o transporte coletivo diariamente, conforme dados da Secretaria de Trânsito e Transportes. A começar pela surpresa da população em descobrir que não havia transporte. Foi o caso da idosa Polônia Spachinski, de 64 anos. Ao chegar na parada do ônibus na região da Rua Bahia, às 5h13min, esperou mais que o normal. Às 5h20min, certa de que havia perdido o ônibus, decidiu voltar para casa e pedir ajuda para a filha chamar um motorista de aplicativo.
— Fiquei desesperada. Pensei: “Poxa, será que eu perdi o ônibus?” Às vezes ele vem mais cedo mesmo — contou logo depois de descobrir que na verdade não havia transporte público para ninguém.
Conseguiu chegar ao trabalho, no Centro, às 6h, horário em que começa o expediente como servente de limpeza, mas nem todos tiveram a mesma sorte que ela. Isso porque, além do trânsito ainda mais intenso que o habitual — já que quem pôde tirou o carro da garagem — a demanda por corridas aumentou expressivamente, o que fez a oferta ficar mais escassa e muito cara.
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“Eu pago normalmente entre R$ 15 e R$ 18. Quando há pico, R$ 24. E hoje estão cobrando R$ 48!!”, escreveu um morador na internet.
Para tentar minimizar o impacto nas vias, a prefeitura liberou os corredores de ônibus (exceto o da Rua 2 de Setembro) para todos os motoristas enquanto o protesto durar. Além disso, afirmou estar “empenhada em buscar uma solução rápida para a situação”. As aulas na rede pública de ensino foram mantidas nesta manhã, apesar do contratempo com o transporte coletivo.
Sem ônibus
Conforme o sindicato, os trabalhadores pedem segurança nos terminais, que têm sofrido com a presença de usuários de drogas, conforme relatos, condições adequadas em salas de refeitório e banheiros, além da defesa dos empregos dos cobradores. Na madrugada, antes dos primeiros ônibus partirem do Terminal Aterro e Fonte, representantes já estavam nos locais para anunciar a mobilização.
No total, cerca de 950 funcionários aderiram ao protesto, entre motoristas e cobradores. Eles se reúnem dentro dos terminais do Aterro, Fonte e na garagem do transporte coletivo.
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Nesta noite, o Sindetranscol deve se reunir para definir novas estratégias de reivindicação. Por enquanto, a expectativa é que o serviço volte ao normal na madrugada de quarta-feira (13).
O que diz a Blumob
Em nota, a empresa responsável pelo transporte coletivo informou que vai adotar as medidas judiciais necessárias contra o sindicato; leia:
“A empresa lamenta que, novamente, o sindicato faça greve desrespeitando a legislação, que exige comunicação prévia, causando prejuízo às pessoas e à cidade. A empresa adotará as medidas judiciais cabíveis”.
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