A paralisação parcial dos trabalhadores do transporte coletivo, que começou às 4h30 desta quarta-feira (26), em Blumenau, afetou a rotina de diversos moradores. Pela manhã, no horário de pico, os ônibus que comumente saem lotados do Terminal Aterro, partiram ainda mais cheios. Muitos não conseguiram entrar no coletivo e tiveram de esperar o próximo, sem saber, ao certo, a hora que o seguinte chegaria. Os passageiros que passam pelo terminal do bairro Salto do Norte foram os que mais sentiram o impacto da mobilização dos funcionários da Blumob, concessionária do serviço na cidade.

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Funcionários do Seterb auxiliaram a população no terminal, redirecionando os usuários para outras linhas, mas nada que impedisse correrias e atrasos. A assessoria de imprensa do Sindetranscol, sindicato dos trabalhadores, informou que, a princípio, o serviço será normalizado apenas na manhã desta quinta-feira (27). Porém, pouco antes do meio-dia desta quarta o grupo se reunirá para avaliar se retorna às atividades antes disso.

A Prefeitura liberou todos os corredores de ônibus da cidade para o tráfego de veículos, com exceção da Rua 2 de Setembro, e intensificou a circulação de uma das linhas troncais.

— Eu já estou atrasada para o trabalho há uma hora. Eles falam que vão parar e depois não param, colocam dois ou três ônibus… Eu acho que tinha que ter um pouco mais de respeito com a população — lamentou uma usuária à reportagem da NSC TV.

Usuários que passam pelo terminal Aterro foram os mais afetados
Usuários que passam pelo terminal Aterro foram os mais afetados (Foto: Patrick Rodrigues )

A Seterb autorizou que o Troncal 12 circule ininterruptamente, ou seja, quando o ônibus chega ao Terminal Aterro ele retorna para o da Fonte imediatamente. Ao todo, 34 linhas foram afetadas pela mobilização organizada pelo Sindetranscol. O grupo de grevistas está concentrado em frente à garagem da empresa, no bairro Salto do Norte.

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Nesta quarta-feira de cinzas, o movimento foi um pouco menor que o habitual devido ao feriado prolongado do Estado, que retorna às atividades (escolas e serviços à população) apenas durante à tarde, assim como as agências bancárias. Nesta quinta, porém, todas as redes de ensino voltarão ao normal. O sindicato não confirmou se haverá nova paralisação nos próximos dias. Cerca de 90% dos funcionários estão trabalhando, conforme determinação judicial.

O que diz a Blumob

Por nota, a empresa reforçou que com a determinação judicial, a maioria do transporte coletivo de Blumenau está circulando. O desrespeito à liminar pode implicar em multa diária ao sindicato de R$ 100 mil. Além disso, recomendou que a comunidade acompanhe os horários em tempo real pelo aplicativo da Blumob.

O que diz a Prefeitura

Além de informar a liberação dos corredores e a intensificação da circulação do Troncal 12, a gestão municipal fez diversas críticas ao movimento. Ressaltou que a reposição salarial foi paga pela empresa e que conceder aumento real significaria subir o valor da tarifa.

Negociação sem fim

A negociação chegou a ser feita com mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). No fim de novembro, motoristas e cobradores aprovaram em assembleia os termos apresentados no TRT pelo desembargador Roberto Luiz Guglielmetto.

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O acordo previa reajuste de 2,55% no salário e no vale-alimentação, índice que corresponde à inflação dos últimos 12 meses segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — esse percentual já foi repassado às folhas de pagamento dos profissionais.

Dessa forma, a categoria abriu mão de pedir os 5% de aumento real que eram reivindicados antes de a negociação avançar para o tribunal. Em contrapartida, aceitou a proposta que previa a manutenção das cláusulas sociais da atual convenção coletiva de motoristas e cobradores e a implantação de um Plano de Participação nos Resultados (PPR), um benefício novo na realidade local, mas que já existe em sistemas como o de Florianópolis.

As conversas no tribunal, no entanto, não avançaram. O Sindetranscol alega que a empresa recusou a proposta. Segundo o sindicato, os pontos que têm gerado mais dificuldade seriam o aumento real ou a criação do PPR, o aumento real no vale-alimentação, a mudança na nomenclatura da classe de cobrador para agente de bordo e a alteração da data-base de novembro para setembro.

Linhas afetadas pela paralisação nesta quarta

Troncais 11, 12, 15, 17 e 32. Linhas:

102

104

106

111

112

114

120

122

123

124

125

152

153

154

155

158

214

320

501

601

603

605

606

607

616

702

704

902

113