O consumidor deve começar a sentir os efeitos da greve nacional dos petroleiros, deflagrada à zero hora da última quinta-feira, já nos próximos dias. A paralisação, que os profissionais alegam ser por tempo indeterminado, pode comprometer o fornecimento de gás de cozinha e de combustíveis nos postos, admite o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e de Santa Catarina (Sindipetro-PR/SC), Silvaney Bernardi, que diz que a empresa já opera “no seu limite”.

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Em Santa Catarina, a Petrobras mantém três terminais Transpetro – que fazem a distribuição do petróleo e seus derivados por meio de rodovias – em Guaramirim, Itajaí e Biguaçu. Neles, a adesão ao movimento chega a 90% dos trabalhadores, segundo o Sindipetro-PR/SC.

Além disso, há o Terminal de São Francisco do Sul (Tefran), aquaviário, onde 80% dos funcionários estão de braços cruzados. Trabalhadores prometem uma manifestação com faixas em frente ao Tefran na manhã desta sexta-feira.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a indicação a favor da greve foi aprovada em sindicatos filiados “de Norte a Sul” do Brasil. O movimento atinge refinarias, terminais, plataformas, campos de produção e unidades operacionais da Petrobras em todo o País.

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Trabalhadores pedem melhores condições

Os petroleiros cobram a suspensão imediata do primeiro leilão de áreas de exploração de petróleo na camada pré-sal, que será realizado na próxima segunda-feira, dia 21. O campo de Libra, mais importante descoberta de petróleo dos últimos anos, tem reservas entre 12 bilhões e 15 bilhões de barris, cujo patrimônio seria estimado em US$ 1,5 trilhão.

Os trabalhadores querem impedir que os campos sejam gerenciados pela iniciativa privada. Além disso, também exigem melhores condições de trabalho.

-A empresa não sinalizou com nenhuma negociação, e enquanto esse quadro não mudar, vamos continuar a paralisação-, diz o dirigente do Sindipetro em Santa Catarina, Adriano Norberto Flores.

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Apesar da grande adesão, alguns serviços estão funcionando normalmente, como a parte do carregamento de combustíveis. Já as manutenções e grande parcela das operações nos terminais não estão ocorrendo, entre elas, as questões de segurança industrial.

Contraponto

A Petrobras se pronunciou por meio de nota sobre a mobilização nacional, em que diz que a empresa foi informada de que a greve tem como principais motivadores o leilão de Libra e o projeto de lei 4330, sobre os quais não caberia posicionamento da Petrobras.

O texto detalha ainda que a empresa toma todas as medidas necessárias para garantir suas operações, de modo a não haver prejuízo às atividades da empresa e ao abastecimento do mercado.

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Sobre as negociações do acordo coletivo de trabalho 2013, uma das reivindicações dos trabalhadores, a Petrobras afirma que realizou uma série de reuniões com as entidades sindicais e apresentou sua proposta ao longo das últimas semanas.

Além de uma proposta completa para as cláusulas sociais (relacionadas ao plano de saúde, benefícios educacionais, saúde, segurança, condições de trabalho etc.), a empresa diz que propôs um reajuste de 7,68% e uma gratificação equivalente a uma remuneração, entre outros ganhos econômicos. Por fim, garante que está aberta ao processo de negociação com as entidades sindicais.

*Colaborou Victor Pereira