Cada movimento era minimamente calculado entre Joseane, 45 anos, e Daniel Silvestre, 17 anos. Em uma das quadras do Sesi, os dois são mais do que mãe e filho. São uma dupla de atletas disputando uma partida de bocha paralímpica. Daniel, com paralisia cerebral, coordena os movimentos da mãe que posiciona a calha ao gosto do filho, que lança taticamente as bolas em cada jogada. Mais do que ganhadores, a 5ª edição das Paralimpíadas Escolares de Santa Catarina (Parajesc) realizada em Blumenau dá lição e reforça a importância de que cada um acredite em seu potencial.

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A família de Daniel veio de São José disputar a seletiva em Blumenau. Para a bióloga Joseane Silvestre, o esporte se tornoue um dos objetivos de vida da família. Ela afirma que a cumplicidade na hora da partida faz toda a diferença no desempenho do atleta no jogo.

– O desempenho do Dani melhora muito após os jogos. Ele volta mais ativo e atento. Temos que enxergar a capacidade de nossos filhos e acreditar nela – revelou a mãe.

Na avaliação do coordenador geral do Parajesc, João Cascaes, o evento, além de ser uma seletiva, tem a importante missão de buscar talentos. Durante os quatro dias de competição, encerrada ontem, 340 atletas disputaram sete modalidades esportivas. Além da bocha paralímpica, quem foi ao Sesi também pôde conferir modalidades como goalball, futebol de sete e tênis de cadeirantes.

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– Esse encontro resgata atletas que muitas vezes estavam confinados e mostra a capacidade deles. Também é um evento de confraternização entre os atletas e seus familiares – disse o coordenador.

O bacharel em Educação Física, Renan Farias, 23 anos, tem apenas 10% da visão e formou-se na universidade com a nobre missão de treinar atletas iguais a ele. A deficiência congênita tornou-se apenas um detalhe em sua vida. O jovem pratica atletismo desde os 16 anos e a cada ano reforça sua vocação:

– Eu sempre quis trabalhar com deficientes. Para mim, a visão é só um detalhe – disse com animação o recém formado.

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