Os organizadores da Parada do Orgulho LGBT de Kampala anunciaram na sexta-feira o “adiamento” do evento e afirmaram que o ministro da Ética de Uganda, país sabidamente homofóbico, ameaçou deter todos os participantes e sugeriu que eles poderiam ser intimidados.
Continua depois da publicidade
“Enquanto comitê, decidimos adiar os eventos restantes”, previstos para sábado e domingo, indicaram os organizadores, que se mostraram otimistas sobre as atuais negociações com “altos responsáveis do governo”.
“Comunicaremos as novas datas quando forem concluídas as negociações”, acrescentaram.
A decisão foi adotada depois de uma reunião do advogado dos organizadores, Nicholas Opiyo, com o ministro da Ética, Simon Lokodo, e um representante da polícia.
Opiyo disse à AFP que o ministro ordenou a anulação das atividades e advertiu que, se essas fossem realizadas, a polícia iria deter todos os participantes, e cidadãos seriam mobilizados para “defender os valores morais de Uganda”.
Continua depois da publicidade
O ministro, que até o momento não reagiu a estas afirmações, tinha declarado que “se os participantes fossem agredidos, a culpa seria toda deles”, segundo Opiyo.
Um desfile estava previsto para este fim de semana, indicaram os organizadores.
A embaixadora dos Estados Unidos em Uganda, Deborah Malac, declarou que “a embaixada está do lado da comunidade LGBT e dos ugandeses, venham de onde venham e sejam quais forem suas crenças, para defender a dignidade de todos os cidadãos”.
A homofobia está muito estendida em Uganda. Assédios e intimidações aos homossexuais são comuns neste país onde se desenvolve um cristianismo evangélico muito beligerante contra o movimento LGBT.
Uganda – onde as relações chamadas “contra natura” são punidas com prisão perpétua por uma lei da época da colonização britânica – adotou em dezembro de 2013 uma nova legislação que reprime principalmente a “promoção da homossexualidade” e torna obrigatória a denúncia de homossexuais.
Continua depois da publicidade
Esta lei, que provocou indignação internacional, foi anulada pelo Tribunal Constitucional em agosto de 2014, mas os políticos apresentaram um novo projeto de lei que pretende reintroduzir o crime de “promoção” da homossexualidade.
str-ndy/db/mvv