Nada de horário para trabalhar, vínculo com o chefe ou com a empresa e possibilidade de receber o pagamento por produção. Essa é a rotina de um freelancer e o sonho de muitos profissionais na atualidade. Só que a decisão de se tornar um frila, como são chamados, não é tão simples quanto parece. Exige muito planejamento e autoconhecimento da carreira.
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O professor do MBA em Gerência de Projetos da Universidade do Vale do Itajaí Ovídio Felippe da Silva Junior acredita que há uma tendência no mercado de novas relações de trabalho e uma delas seria o profissional autônomo ou freelancer. Ele comenta que atualmente algumas indústrias já terceirizam processos e nem sempre porque significa gastos menores.
– É mais fácil administrar um contrato que um corpo de trabalhadores. Além disso, é mais fácil mensurar os resultados quando delegam as questões administrativas ao terceirizado.
Já as vantagens para o profissional são autonomia, independência e crescimento ilimitado. Isso resulta que muitos não encarem um serviço de freelancer como algo temporário para conseguir uma vaga em uma empresa, por exemplo, mas uma meta profissional.
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– Algumas empresas têm limites de crescimento para o profissional. Sendo um freelancer, a capacidade e o limite é você mesmo. Isso pode resultar em maior remuneração e realização profissional – explica Junior.
Mas o especialista alerta: é preciso planejamento e conhecer exatamente como funciona. Ele explica que é fundamental o profissional autônomo separar uma quantia para uma previdência privada e para emergências como médicos, já que não terá vínculos empregatícios.
Profissional deve se conhecer e saber como pode render mais
A psicóloga e especialista em gestão empresarial Gladys do Prado diz que para ser freelancer é necessário fazer um planejamento prévio ou lidar bem com a incerteza, já que em um mês pode ter menos trabalho do que outro. É importante também cuidar do próprio marketing, ser desinibido e ter uma estratégia estabelecida. Em relação à rotina de trabalho, a psicóloga defende que o profissional tem que se conhecer e saber o que mais funciona para o seu perfil.
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– A pessoa precisa saber como se tornar mais produtiva- conclui.
::Além do jornalismo e da fotografia
O freela é figura conhecida nas áreas do jornalismo e da fotografia, mas aos poucos o profissional ganha espaço em outros segmentos do trabalho. É o caso do designer e desenvolvedor de páginas na web Osny Santos Netto, de 24 anos, que é freelancer há sete anos.
Segundo ele, mesmo se dedicando ao trabalho eventual, nunca deixou de ter um emprego fixo. Isso porque embora o mercado esteja aquecido para os freelas, Osny procura manter o equilíbrio entre os dois empregos.
– Assim fico com o lado positivo de cada um deles. Evito as filas (no trânsito) e não tenho horário determinado (como freela), mas conto com a renda fixa do emprego formal – comenta.
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Ele explica que ter organização é fundamental nos projetos como profissional autônomo, pois a entrega do trabalho no prazo combinado é item relevante para ser contratado outras vezes. Além disso, nessa área de atuação, mais importante do que a formação é o portfólio do profissional, que aparece como uma “vitrina”.
Liberdade para decidir e ausência de vínculos
Rosa Maria Matheus, 29, sabe bem o que é isso. Formada em Naturologia, há quatro meses ela mudou de área e passou a se dedicar à decoração de festas. Tinha essa vontade desde os tempos de criança, quando organizava eventos familiares e a escolha ganhou força no aniversário da sobrinha.
A opção por ser freelancer seguiu o critério da liberdade, de não ter vínculos com nenhuma empresa e de poder decidir o que e como fazer. Para Rosa, o mais importante é estar feliz e poder trabalhar em casa.
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– Quem quer ser autônomo deve ter muita dedicação e não pode fazer o serviço só pelo dinheiro. Requer muito trabalho.
::Confira as dicas
Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e com quase 10 anos de experiência no mercado, Maurício Oliveira escreveu o livro Manual do Frila com o intuito de esclarecer as dúvidas das pessoas que desejam ingressar na área. Para ele, o profissional precisa tomar certas precauções antes de investir na carreira autônoma. Confira:
– Reforce a rede de contatos, pois os primeiros trabalhos contratados vão depender essencialmente das pessoas que você conheceu no mercado
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– Tente cumprir o prazo de entrega e garantir a qualidade do trabalho. Esteja aberto para ouvir as exigências do cliente
– Embora especialistas apontem que é importante separar a vida pessoal da profissional, o freelancer pode trabalhar em horários alternativos e usar roupas informais se assim preferir
A terminologia
– De origem inglesa, o termo freelancer denomina o profissional autônomo que se emprega em várias empresas ao mesmo tempo ou que gera e realiza os seus projetos de forma individual e independente. Pode atuar em diferentes áreas, entre as quais as do jornalismo, design, publicidade, fotografia, tecnologia da informação e música
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