Valcilene Silveira, 40 anos, trabalhou por 16 meses como porteira e foi desligada da empresa há poucos dias. De Bagé (RS), está há dois anos em Florianópolis e tem tido dificuldade de encontrar trabalho depois da temporada de verão. Ela é uma das 277 mil pessoas sem emprego em Santa Catarina, segundo divulgou o IBGE na última quinta-feira.

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O índice de desemprego em Santa Catarina saltou de 6,5% do primeiro trimestre de 2018 para 7,2% no mesmo período deste ano. A crise econômica, a baixa qualificação e até o fim do verão estão entre as causas do problema em Florianópolis na avaliação de trabalhadores ouvidos pela CBN Diário.

Com dois filhos, o caçula é um bebê de oito meses, Valcilene vai aproveitar o período do seguro desemprego para cuidar da criança e concluir o semestre na faculdade de gestão de produção industrial.

— Oferta de emprego até tem, mas encontrei muitos patrões que acertam contigo de uma forma e depois, no período em que tu estás contratado, eles não cumprem com o que foi combinado — relatou.

Carteira assinada

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Mais uma vez, SC teve a maior proporção de trabalhadores com carteira assinada do país, 88,1%. No Rio Grande do Sul, esse índice é de 83,2%, e no Rio de Janeiro, de 81,8%, como mostrou reportagem do Diário Catarinense desta sexta-feira (17).

O auxiliar de serviços gerais Jeremias Soussa de Amorim, de 27 anos, está sem trabalho há uma semana. Ele atribui à carência de capacitação a dificuldade de encontrar um novo trabalho. Vindo de Belém, chegou a Florianópolis há quatro meses.

— Trabalho desde meus sete anos e tive minha carteira assinada pela primeira vez aqui em Floripa. As vagas estão escassas, já não são como antes, mas ainda tem mais do que em muitos lugares.

Embora o índice tenha aumentado, Santa Catarina é o Estado com menor a taxa de desocupação do país, como explica a diretora de Trabalho Emprego e Renda de Santa Catarina Luciana Negreiros.

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— Hoje, Santa Catarina, está entre os três primeiros colocados no ranking de empregabilidade do país. Nosso objetivo é ficar em primeiro lugar, por isso, estamos investindo em empreendedorismo, nas indústrias, investindo nos pequenos empresários para que a gente possa ter mais vagas de emprego.

Aptos a trabalhar aumentam

O pedreiro Jean Darbouze Pierre, de 37 anos, é haitiano e está há três anos em Florianópolis. Há quatro meses sem trabalho, está preocupado com a sobrevivência dele, da esposa e do amigo Dieufils Valbrum, de 39 anos, que também está desempregado. Ele tenta equilibrar o orçamento com o que recebe em trabalhos informais.

— O mercado aqui é um pouco ruim pra nós, porque somos estrangeiros. O salário é baixo e as coisas são caras. A gente procura serviço a toda hora e não acha — contou.

A população em idade para trabalhar em SC é estimada em 5,9 milhões de pessoas. Conforme o IBGE, em relação ao primeiro trimestre do ano passado, houve aumento de 51 mil indivíduos aptos para trabalhar, porque completaram 14 anos.

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O pedreiro Dirce Ávila, de 40 anos, está há cinco meses sem trabalho. Ele tem cinco filhos, dois deles também estão desempregados. Com a aproximação do fim do seguro desemprego, está preocupado com a subsistência da família.

— Já andei por toda parte, pego minha bicicleta e até a pé, mas não encontro, está difícil. Quando chego em prédio para buscar serviço, já está escrito: “Não há vaga”. Está difícil, porque muita gente está desempregada e quem tem bastante (dinheiro) não quer gastar por causa dessa crise — contou.

Qualificação

Ainda de acordo com o IBGE, a taxa composta de subutilização da força de trabalho – percentual de pessoas desocupadas ou subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas – o estado apresentou o menor índice do país, de 12,1%.

O jardineiro Antônio Romílson da Silva, de 29 anos, foi desligado do último emprego na semana passada. De Recife, ele está há quatro anos em Florianópolis e vai aproveitar o período de seguro desemprego para se qualificar.

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— Aqui tem mercado de trabalho, se a pessoa correr atrás, consegue êxito. Agora vou fazer uns cursos a mais, que é bem melhor para o mercado de trabalho — ponderou.