Será no domingo à noite a 86ª edição do Oscar. O comentarista do evento na TNT Rubens Ewald Filho comenta no artigo a seguir curiosidades, bastidores e os favoritos na disputa da premiação. O canal TNT transmite o Oscar ao vivo na íntegra neste dia 2 de março, a partir das 20h30min.

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Vídeo: os favoritos e as barbadas do Oscar 2014

Confira as opiniões dos críticos de ZH

Uma seleção de impecáveis finalistas. Acho que esta é a melhor qualidade do Oscar 2014. É o caso de todos os nove selecionados para melhor filme, assim como os finalistas para melhores atores e atrizes. Se erraram, foi porque havia gente boa demais e uma ou outra exclusão era inevitável. Chegaram mesmo à ousadia suprema de não escolher verdadeiros ícones de Hollywood, como Tom Hanks, com uma boa interpretação em Capitão Phillips, e Robert Redford, que já ganhou até prêmio honorário – não esqueçam que foi ele quem criou Sundance! E até mesmo a sacrossanta Oprah Winfrey (O Mordomo da Casa Branca), o querido e falecido James Gandolfini, e a duas vezes premiada Emma Thompson.

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Além disso, há uma expectativa de surpresa no ar. Não há um favorito absoluto, e tudo pode acontecer. O que sem dúvida torna a festa de entrega dos prêmios deste ano mais interessante. Ainda que nem tudo sejam rosas. Uma série de questões foram levantadas nestas últimas semanas, já que cá entre nós, o Oscar adora uma polêmica e, cada vez mais, dá preferência a filmes com temática séria.

Os nove finalistas este ano discutem corrupção e drogas (O Lobo de Wall Street), escravidão (12 anos de Escravidão), a profissão perigosa de astronauta (Gravidade), a pirataria nos altos mares (Capitão Phillips), a homofobia do governo americano que permitiu a morte de muita gente por Aids (Clube de Compras Dallas), a falta de princípios cristãos dentre as freiras irlandesas, e novamente a homofobia do governo americano (Philomena), a velhice (Nebraska), novamente a corrupção (Trapaça) e uma história sobre como será o amor no futuro, poética mas melancólica (Ela).

Se prestarem atenção, não há na lista filmes verdadeiramente independentes, que este ano sofreram um abalo grave com a falta de recursos e investidores – consequência da crise econômica -, e continua a não haver mulheres diretoras. Pesquisas mostram que tem caído o número de realizadoras na indústria, e a única exceção brilhante é o sucesso espetacular da animação Frozen – Uma Aventura Congelante, que deve ganhar sua categoria e foi realizado por uma mulher estreante (o filme já fez mais de 770 milhões de dólares no mundo inteiro e continua em cartaz, agora em cópias legendadas, “sing along”, para o público cantar junto!) E sua trilha musical também já vendeu perto de 600 mil cópias em várias semanas (chegando perto de Rei Leão, e superando Beyoncé). A autora do milagre é Jennifer Lee, que fez o filme estourar também em merchandising e aplicativos.

Basicamente, o problema este ano é que há filmes bons demais, ou ao menos queridos pelos votantes. Supondo-se que os favoritos sejam os de maior número de indicações, a disputa estaria entre Gravidade (10 indicações), 12 anos de Escravidão (9) e Trapaça (8). A dúvida é tanta que pela primeira vez em 25 anos de sua história, o Sindicato de Produtores deu empate entre Gravidade e 12 anos de Escravidão. Mas pelo sistema de contabilizar votos do Oscar, muito complexo, é difícil isso suceder (mas não impossível). A impressão que tenho é que Gravidade deve levar os Oscars técnicos (merecidamente) e também o de melhor diretor. Seria o primeiro diretor mexicano, ou seja, latino americano, a ganhar esse Oscar e merecidamente, porque seu trabalho é espetacular (e bem sucedido de bilheteria, o que sempre é bom). Os críticos gostam também porque desde que surgiu descoberto por Spielberg, já se tinha certeza de seu talento, e de que um dia daria certo. O tema da festa do Oscar deste ano também faz pensar nele, porque se trata de heróis no cinema (mas pensando bem, o protagonista de 12 anos…, Solomon, é também um herói!)

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Mas o que fazer com os filmes queridos pelo público, como Trapaça ou mesmo Lobo de Wall Street? E principalmente com 12 anos de Escravidão, um filme inatacável, mas de sucesso relativo (dado a sua temática difícil, chegou a 100 milhões de dólares em renda mundial, já que muita gente evita ver sofrimento na tela). Pessoalmente, acho o trabalho do diretor Steve McQueen muito digno, sem cair em sentimentalismos ou jogadas fáceis. Acredito que leve o Oscar de melhor filme e, como já escrevi, “acho que o cinema tem o dever e a obrigação de produzir filmes como este, e a Academia de prestigiá-los. Ainda mais quando feitos com tamanho respeito e dignidade”. Se o filme ganhar, Brad Pitt, seu produtor, deve buscar o prêmio. Mas se for O Lobo…, quem deve subir ao palco é Leonardo De Caprio, seu produtor, que por sinal disputou com Brad a chance de fazer aquele filme.

As polêmicas

Woody Allen – Há algumas semanas, Mia Farrow, a ex-companheira (nunca foram casados ou viveram juntos), resolveu voltar a atacar Allen, repisando acusações das quais ele já havia sido inocentado. Embora Hollywood conheça de velho essa situação de mulher rancorosa, criou-se um compreensível mal estar e levantou-se a hipótese de que isso poderia prejudicar a vitória de Cate Blanchett, por um filme dele, Blue Jasmine. Afinal, ela parecia a única coisa certa dentre os prêmios. Seria um castigo contra Allen ou uma reprovação pública (mesmo ele tendo já ganhado quatro Oscars e provocado 12 indicações ou prêmios para suas estrelas). De qualquer forma, Amy Adams (Trapaça) já esta na sua quinta indicação sem levar e é sem duvida a querida do público, enquanto Cate já ganhou antes (por O Aviador).

Melhor canção

A categoria musical sempre está envolvida em problemas e neste ano deixaram como finalista uma canção desconhecida, chamada Alone Yet Alone, de filme homônimo, que fracassou em bilheteria e é praticamente desconhecido. Descobriu-se que o autor dela, Bruce Broughton, que foi muito tempo executivo na Academia, havia mandado emails recomendando sua música. Resultado: ela foi desclassificada. Houve novas reclamações porque a música era cristã e religiosa, e diziam ser preconceito!

Os atores

De repente, depois do Globo de Ouro, um galã de 44 anos e especializado em comédias românticas, Matthew McConaughey, despontou como favorito por causa do show que deu em O Lobo de Wall Street (pequeno, mas excepcional) e principalmente em Clube de Compras Dallas, onde faz homófobo que supera seus preconceitos na sua luta por sobreviver. Também entra no jogo o fato que ele perdeu cerca de 20 quilos, assim como seu parceiro de elenco, Jared Leto, que emagreceu por volta de 10 quilos. E Academia adora os que fazem isso – engordam ou emagrecem pela arte! Ambos são os favoritos e são exemplos de vida. Jared é bonito demais para ser levado a sério, parou de trabalhar no cinema por cinco anos e virou cantor de rock. Até conseguir essa chance. Matthew, que é casado com a brasileira Camila Alves, com quem tem três filhos, confessou na entrega do Globo a influencia que ela teve em sua vida, forçando-o a acordar cedo, procurar melhores papéis, e assim deu uma virada em sua carreira.

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Num primeiro momento, acreditava-se que Jennifer Lawrence poderia ganhar outro Oscar, seguido ao do ano passado, mas agora como coadjuvante, por Trapaça. Mas começou a parecer “demais, cedo demais”, porque a moça além de tudo é campeã de bilheteria com as séries Jogos Vorazes e X Men. Isso foi abrindo espaço para uma jovem atriz negra que brilhou inicialmente no tapete vermelho como ícone de moda, a mexicana de origem africana e formada em Yale, Lupita Nyong’o, por 12 anos de Escravidão (sabiam que o nome Lupita é uma referência à santa protetora do México, Nossa Senhora de Guadalupe? A ela a atriz deve estar pedindo ajuda!).

De qualquer forma, conduzido pela simpática e gentil Ellen De Generes, o Oscar 2014 promete ser divertido e surpreendente. Convido vocês para assistirem conosco na TNT, no domingo de carnaval, dia 2 de março, a partir das 20h30.