Os delegados à frente da investigação da tragédia em Santa Maria querem se municiar de relatos e laudos periciais antes de interrogarem, pela segunda vez, o sócio e administrador da boate Kiss. Com a estratégia, o depoimento à Polícia Civil de Elissandro Spohr, o Kiko, só deve ocorrer próximo ao final do inquérito, no final de fevereiro.
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Veja perguntas que o empresário terá de responder à Polícia Civil
Peça-chave da investigação, o interrogatório do empresário pode esclarecer pontos que permanecem sem resposta no incidente que vitimou 238 pessoas em decorrência de um incêndio em 27 de janeiro. Kiko já foi ouvido uma vez, logo após a decretação da sua prisão temporária, no dia seguinte ao desastre.
De lá para cá, evidências novas surgiram, como a de que a espuma usada para isolamento acústico era inadequada ou de que a casa não dispunha de um plano de prevenção contra incêndio assinado por um responsável técnico.
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Segundo o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, antes de fazer novas perguntas ao empresário, é preciso ouvir outras testemunhas. Na quarta-feira, a polícia voltará a tomar novos depoimentos.
Uma estimativa da chefia da Polícia gaúcha aponta que mais de 500 pessoas devem prestar esclarecimentos durante o inquérito. Até o momento, cerca de 150 frequentadores, funcionários da casa noturna e bombeiros que ajudaram a combater o incêndio foram ouvidos.
O depoimento de Kiko também é importante para a segunda frente de investigação aberta pela polícia e pelo Ministério Público que apura a facilitação de concessão de alvarás dos bombeiros.
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Todas as informações recolhidas servirão de subsídios para que os delegados cheguem à pauta final para o segundo depoimento de Kiko e possam confrontar informações prestadas por ele no primeiro depoimento. Entre elas, a superlotação na casa noturna e o uso de artefatos pirotécnicos na boate.
Kiko está preso temporariamente na Penitenciária Estadual de Santa Maria, onde também estão o outro sócio da boate, Mauro Hoffmann, e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão.
Delegado descarta megarreconstituição
Apesar de considerar a reconstituição do incêndio fundamental para o esclarecimento do caso, a Polícia Civil não deverá convocar todos os sobreviventes para recriar em detalhes a sequência dos fatos que levou à tragédia, como havia sido cogitado. Para o delegado Sandro Meinerz, é inviável colocar um grande número de pessoas dentro da boate e remontar a situação de horror que as vítimas enfrentaram.
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Mesmo assim, Meinerz é taxativo ao dizer que a reconstituição é mais do que necessária para trazer elementos novos e esclarecer alguns pontos ainda sem resposta concreta.
– Não é necessário colocar todas essas pessoas dentro da boate e, obviamente, não vamos obrigar ninguém a participar da reconstituição. Além disso, podemos usar figurantes. Mas, até o momento, diversos sobreviventes já se colocaram à nossa disposição para participar – afirma Meinerz.

