Matchday, o nome em inglês que vai além da tradução de “dia do jogo”. Virou o conceito que dá a largada aos clubes para fazer com que o estádio tenha mais público, seja ele associado ou comprador do ingresso. Os pouco mais de 90 minutos de bola rolando importam, mas há tantos outros atrativos. A ideia é que o torcedor seja envolvido pela atmosfera, não só o duelo. Os clubes de Santa Catarina conhecem a ideia, mas ainda engatinham em atrair a torcida.
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Esporadicamente, os times fazem eventos no entorno de seus estádios. Mas ainda é um movimento tímido.
– Em mercados maiores, isto chega a representar 30% da receita de clube em dia de jogo. E não por explorar o bar e ganhar um percentual. O diretor deve sentar com patrocinadores e parceiros e, juntos, desenvolverem ações nos jogos em casa, gerando consumo e engajamento. O torcedor faz o check-in e ganha desconto na compra de um produto, por exemplo, concorre a um benefício. É algo com retorno a longo prazo – desenvolve o especialista em gestão e marketing esportivo Amir Somoggi.
Clubes encaram obstáculos
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Em Santa Catarina, o Avaí e a Chapecoense fazem eventos esporádicos. No entanto, por menor que sejam, exigem dos clubes criatividade e eficiência.
– Para os clubes do Estado, que recebem verbas menores, dificulta mais. Não dá para deixar de fortalecer o time e focar em ações promocionais – atesta Thiago Pravatto, diretor de marketing do Leão.
O Figueira demonstra que em breve aplicará ações antes das partidas. Criciúma e Joinville estão mais distantes. O Tigre tem o problema crônico do baixo público, em que nem o livre acesso ao estádio mobiliza o sócio. O JEC se vê refém da fase do time.
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– Os órgãos que atuam nos jogos também não ajudam. Não podemos ter papel picado no estádio, mulher não entra nem com batom na bolsa. Com a equipe em fase ruim, o jogo deixa de ser atrativo – reclama Diogo Amato, diretor de marketing do Joinville.
Lobby pela volta da cerveja
O sofá de casa é mais confortável que a cadeira de plástico da arquibancada. Em um bar, a eventual chuva fica do lado de fora, enquanto nem todos os estádios contam com cobertura. No entanto, não há condição de comparar com uma dobradinha da cultura nacional: futebol e cerveja. Há dois anos, os clubes do Estado se movimentam nos bastidores para fazer com que deputados estaduais aprovem lei que regule e libere a venda da bebida no interior dos estádios, o que já ocorreu em outros locais desde o veto pelo Estatuto do Torcedor.
Esta é uma cartada das agremiações para fazer com que os jogos voltem a ser atrativos e uma fatia de público retorne aos estádios. Os clubes encontraram aliados na Assembleia Legislativa ao projeto de lei pela liberação, com parecer favorável na comissão de Constituição e Justiça e parado desde maio na de Segurança Pública – a segunda das quatro que precisa passar.
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Apesar do encolhimento da média de público nos estádios e da diminuição de sócios dos clubes que sofreram rebaixamentos, a fidelidade não foi alterada. No entanto, o torcedor encontrou outras formas de acompanhar a equipe, e com o copo ao alcance.
Para ter uma ideia da dimensão dada pelos times de SC ao tema, o Figueira tem intenção de botar em prática ações de matchday. Porém, a comercialização de cerveja é preponderante.
– O torcedor continua a acompanhar, mas perdemos para a televisão. Fizemos pesquisas em que uma parcela da torcida citou a cerveja para voltar ao estádio. Temos trabalhado neste novo conceito, de fazer eventos pré-jogo para trazer o torcedor e que seja dentro do Scarpelli. É a nossa vontade, com estrutura, porém apenas quando a venda de cerveja for liberada. Enquanto isso não ocorre, fazemos fora e em algumas ocasiões – defende o gerente de marketing do Alvinegro, Fernando Kleimmann.
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A liberação da bebida é apenas um fator para atrair os torcedores. A dificuldade de acesso e o medo da violência ainda são pautas que precisam ser tratadas por dirigentes e autoridades.
* Colaboraram Darci Debona, Elton Carvalho e Lariane Cagnini.