O número de casais que encontram algum tipo de dificuldade para engravidar é consideravelmente alto. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% da população enfrenta problemas de infertilidade, que podem ser causas variadas – desde problemas biológicos até hábitos de vida inadequados.
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Porém, a medicina e a ciência já apresentam técnicas e procedimentos para solucionar boa parte desses problemas. Uma das alternativas é o congelamento de óvulos, técnica onde os gametas femininos são coletados e armazenados em laboratório para serem usados posteriormente, através de uma técnica de reprodução assistida.
O congelamento de óvulos serve para a preservação da fertilidade feminina. Mulheres que escolhem adiar a maternidade e pessoas que necessitam de tratamentos oncológicos encontram no procedimento a chance de uma gravidez futura.
Isto ocorre pois o congelamento de óvulos é um moderno tratamento da reprodução humana capaz de criopreservar os gametas, mantendo por tempo indeterminado a capacidade reprodutiva. Para isso, após serem coletados diretamente dos ovários, os óvulos são congelados através da vitrificação, e ficam mantidos em nitrogênio a −196ºC.
O congelamento de óvulos serve para driblar o relógio biológico das mulheres, que ganham mais tempo para decidirem SE e QUANDO querem se tornar mães. Da mesma forma, pessoas que necessitam de quimioterapia, radioterapia ou cirurgias que afetam a fertilidade tem no congelamento de óvulos pré-tratamento um importante aliado.
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Os benefícios do procedimento
O procedimento permite que a mulher ganhe mais tempo e autonomia na decisão da maternidade, preservando a capacidade reprodutiva. Isso se tornou possível especialmente após 2006, quando foi introduzida a técnica da vitrificação no Brasil. A rapidez com que atinge a baixa temperatura de -196°C, produz um estado vítreo no óvulo que impede a formação de cristais de gelo e danos celulares. Assim, os óvulos congelados permanecem intactos em sua estrutura e funcionalidade com taxa de qualidade e de sobrevivência de 95% após o descongelamento.
O congelamento de óvulos oferece benefícios às mulheres que adiam a maternidade e àquelas com histórico familiar de menopausa precoce. Além disso, também ajuda pacientes que passarão por tratamentos de câncer ou cirurgias que podem afetar a fertilidade.
Veja alguns benefícios:
- Preservação da fertilidade:
O principal benefício do congelamento de óvulos é a possibilidade de preservar a capacidade reprodutiva feminina. Ter óvulos jovens e saudáveis congelados aumentam as chances das mulheres se tornarem mães futuramente.
O congelamento é o grande aliado da técnica de fertilização in vitro (FIV), que promove o encontro dos gametas feminino e masculino em laboratório. Na FIV, a fecundação ocorre fora do corpo da mulher e o embrião resultante da fertilização é transferido ao útero onde será gestado. Além disso, os embriões excedentes também poderão ser congelados para uso futuro ou serem doados para outros casais.
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- Opção para pacientes oncológicos
O congelamento de óvulos é um importante aliado das mulheres que irão enfrentar tratamentos oncológicos que podem afetar a capacidade reprodutiva. Assim, pessoas que necessitam de quimioterapia, radioterapia ou alguma cirurgia que prejudique a fertilidade tem no congelamento a oportunidade de ter filhos no futuro.
- Flexibilidade para a hora da maternidade
Sabemos que a fertilidade feminina vai decaindo com o passar do tempo, principalmente a partir dos 35 anos. Ou seja, quanto mais velha for a mulher, menores são as chances de engravidar naturalmente. Entretanto, seja por questões pessoais ou de saúde, muitas pessoas não querem ou não podem ter filhos enquanto são mais jovens.
Mas a pressão que o relógio biológico impõe às mulheres pode ser superada com o congelamento de óvulos. Assim, elas ganham tempo e possibilidades para ter filhos biológicos com uma idade mais avançada. Ou seja, a criopreservação reduz o estresse emocional, traz tranquilidade e alívio para as mulheres decidirem quando vão se tornar mães.
- Possibilidade de seleção genética do embrião
O congelamento de óvulos possibilita a realização de testes genéticos nos embriões formados a partir da fertilização in vitro (FIV). Desta forma, diminui o risco de mulheres que carregam doenças genéticas ou cromossômicas transmitirem essas condições para seus filhos.
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Processo de congelamento de óvulos
O processo de congelamento de óvulos acontece em algumas fases e leva em média 15 dias. A mulher passa pelas etapas de estimulação ovariana, coleta de óvulos, congelamento e armazenamento dos gametas.
Veja o que acontece em cada fase do tratamento:
- Estimulação ovariana
Tem como principal objetivo estimular um número maior de óvulos maduros para serem coletados e congelados. Assim, a mulher recebe injeções de hormônios para estimular seus ovários a produzir múltiplos óvulos no mesmo ciclo menstrual e não apenas um, como ocorre naturalmente. Dessa forma, o uso de medicamentos como as gonadotrofinas, promove o amadurecimento de mais óvulos para serem coletados.
- Monitoramento e controle hormonal
Durante aproximadamente 10 a 14 dias, a mulher é monitorada através de exames de ultrassonografias e de sangue. O objetivo é avaliar o desenvolvimento dos folículos ovarianos e ajustar as doses dos hormônios conforme necessário.
Quando os folículos atingem um tamanho adequado, uma injeção de hormônio hCG é administrada para induzir a maturação final dos óvulos.
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- Aspiração e recuperação dos óvulos
A coleta dos óvulos, ou punção folicular, ocorre cerca de 36 horas após a injeção de hCG. Este procedimento acontece com uma agulha fina acoplada ao ultrassom que é introduzida na vagina da paciente e chegando até os ovários para aspirar os folículos.
Em seguida, o líquido aspirado é depositado em tubinhos de ensaio, que são avaliados através de um microscópio no laboratório por uma embriologista. Esse procedimento é realizado por sedação, isto é, a paciente recebe uma medicação endovenosa e adormece para realizar o procedimento, e contém uma solução nutritiva semelhante à produzida pelas trompas.
- Congelamento e armazenamento
Após a coleta, os óvulos são imediatamente levados ao laboratório, onde são avaliados e preparados para o congelamento. O processo acontece pela técnica de vitrificação, que se caracteriza pela rapidez com que atinge baixas temperaturas. Sendo assim, a velocidade da diminuição de temperatura na vitrificação é de – 23ºC por minuto. Ou seja, 70 vezes mais rápido que o processo de congelamento lento.
Os óvulos congelados ficam armazenados em um cilindro de nitrogênio líquido e são mantidos a -196ºC. Eles, por sua vez, ficam num estado vítreo, impedindo a formação de cristais de gelo, que danificam as células reprodutoras.
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Outros processos de congelamento: esperma e embriões
Além do congelamento de óvulos, existe também o congelamento de sêmen e de embriões. O objetivo, em ambos, é o mesmo: preservar a fertilidade de homens e mulheres e assim ampliar os caminhos e possibilidades para a paternidade e maternidade.
No caso do congelamento de sêmen, o processo começa com uma avaliação médica para verificar a saúde reprodutiva do homem, incluindo testes hormonais e espermograma. Depois disso, o esperma é coletado através de masturbação e preparado para congelamento por vitrificação.
Na próxima etapa, o material é armazenado em nitrogênio líquido a -196ºC para ser usado futuramente. Quando necessário, o sêmen pode ser descongelado e utilizado em procedimentos de reprodução assistida como Inseminação Artificial (IA) ou Fertilização in vitro (FIV).
Já o congelamento de embriões acontece quando em um tratamento de fertilização in vitro (FIV) se produzem embriões a mais do que o número que será transferido ao útero. Desta forma, os excedentes são congelados e podem ser aproveitados para uma nova gravidez ou serem doados a outros casais.
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O congelamento é o tratamento indicado?
Quando a mulher está considerando congelar os óvulos, é importante conversar com um especialista em reprodução assistida para avaliar se este é o tratamento indicado. Existem alguns fatores que devem ser analisados e que podem impactar no sucesso do congelamento e de uma gravidez futura.
Veja alguns:
- Idade da mulher
A idade feminina é um dos fatores mais decisivos para o congelamento, pois a qualidade e a quantidade de óvulos decaem com o tempo. Por isso, o indicado é realizar o congelamento em mulheres mais jovens, geralmente antes dos 35 anos.
- Motivação
É importante que a mulher esteja tranquila em relação aos motivos que a levam a considerar o congelamento de óvulos. Nesse processo, vale a reflexão individual, a conversa com amigos, familiares, parceiro e com pessoas que já fizeram essa escolha e, principalmente, com um profissional de confiança.
- Saúde
Alguns problemas pré-existentes que impactam na fertilidade feminina podem interferir na decisão de congelar óvulos. Desta forma, é fundamental conversar com o médico para avaliar a viabilidade de fazer este tratamento.
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- Custos
Os valores para o congelamento de óvulos depende de fatores como a clínica de fertilidade escolhida, os medicamentos para estimulação ovariana e o número de ciclos de coleta de óvulos necessários. Além disso, normalmente há taxas de consulta inicial, e os custos para o armazenamento dos óvulos congelados.