Os cinco anéis olímpicos não foram o único atrativo colorido nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012: atletas também foram alvo de olhares ao pisarem em quadra com fitas adesivas de diferentes tonalidades aplicadas sobre a pele. Desenvolvida por um quiropraxista japonês na década de 1970 e comum entre esportistas, a bandagem esportiva – ou Kinesio Taping, como é popularmente conhecida – busca corrigir movimentos e aliviar a dor e ficou cada vez mais popular desde então. Mas será que essa moda é realmente terapêutica?
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– A fita estimulam o controle motor, o fluxo sanguíneo e a sensibilidade do córtex, deixando-o mais ativo, o que contribui para a diminuição da dor, por exemplo – explica o fisioterapeuta Gustavo Portella dos Santos.
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O especialista, professor do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), é interrogado constantemente por pacientes se esse tipo de artefato pode substituir medicamentos, mas ele afirma que as fitas são apenas complementos dentro de uma terapia – e não um método único de tratamento.
– A bandagem é eficiente para combater a dor, mas não há comprovação de que ela previne lesões ou de que aumente a força muscular e o condicionamento físico – esclarece Gustavo.
Ainda que David Beckham tenha despertado a curiosidade do público ao aparecer com uma fita cor-de-rosa aplicada às costas durante uma partida de futebol, a bandagem colorida não é a única opção de fita terapêutica. A bandagem rígida – Mcconnell Taping – foi desenvolvida por uma australiana a fim de ajudar na estabilização e na alteração biomecânica de articulações, corrigindo movimentos feitos de forma incorreta ou que causam dor.
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Alberto Franco, fisioterapeuta das Categorias de Base do Sport Club Internacional, diz que a tensão é um fator relevante para diferenciar os dois tipos de fitas.
– Na elástica podemos dar uma determinada tensão de acordo com a patologia, o local e o objetivo. Na rígida, isso não é possível, devido a menor flexibilidade do material – afirma Alberto.
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Apesar das diferenças, os dois tipos de bandagens devem ser colocadas conforme a necessidade do atleta e, por isso, o indicado é que a aplicação seja feita por um profissional com certificação do método, que saberá avaliar cada caso. Ainda que a autoaplicação seja uma alternativa para atletas que utilizam o mecanismo com muita frequência, o paciente precisa ter cautela e seguir as orientações de um especialista.
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– A bandagem mascara a dor, o que faz com que o atleta tenha dificuldade para perceber possíveis problemas que requerem tratamento – ressalta Gustavo.
Um estudo liderado por Leonardo Tartaruga, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), provou a importância do acompanhamento profissional ao observar jogadores de futebol durante uma partida. O pé dos esportistas que autoaplicaram a bandagem de forma incorreta executou movimentos que poderiam ter levado a uma torção, o que não ocorreu no caso daqueles que ignoraram o uso da fita ou que a aplicaram com a ajuda de um especialista.
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Feita com material hipoalérgico – tem menor risco de causar reações alérgicas -, a tira adesiva de algodão é indicada para uso a curto prazo. A recomendação é de que a bandagem seja utilizada por, no máximo, três meses, com um dia de intervalo a cada semana, para que a pele e as articulações possam descansar.
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A maioria das 42 modalidades dos Jogos Olímpicos, que ocorrem de 5 a 21 de agosto do próximo ano, no Rio de Janeiro, permite que o atleta faça o uso de bandagens durante as provas. Gustavo explica que as fitas esportivas não podem ser consideradas uma alternativa para o “doping” pelo fato de que não aumentam a resistência ou o condicionamento físico.
Entretanto, há esportes que exigem normas individuais para que o artefato possa ser utilizado. No boxe, por exemplo, a bandagem aplicada na mão e no punho do atleta, específica para a modalidade, é feita por um profissional da comissão olímpica. Na natação, o uso é proibido devido ao material que pode se soltar na água e atrapalhar a prova do adversário. Além disso, a exigência abrange até mesmo a cor da bandagem, que pode interferir na estética dos uniformes de ginastas olímpicas, por exemplo.