O suposto esquema de corrupção para desvio de verba pública por meio de fraude em licitação da Secretaria Municipal de Águas e Saneamento (Semasa) de Lages, na Serra Catarinense, pode ser bem maior do que se imaginava inicialmente.

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:: Quatro são presos por envolvimento em fraude de licitação em Lages

Na tarde desta quinta-feira, o promotor Joel Rogério Furtado Junior, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na cidade, afirmou que o caso, investigado há oito meses, envolvia grandes quantias e funcionava constantemente.

Para o promotor, o suposto pagamento de propina não teria sido praticado apenas na quarta-feira, quando dois empresários que prestam serviços à Semasa teriam sido flagrados entregando uma bolsa com R$ 165 mil em dinheiro a um servidor da prefeitura.

– Era um esquema reiterado de corrupção feito por uma organização criminosa para desvio de dinheiro público com o pagamento de propinas vultosas – disse o promotor.

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Na operação, denominada Águas Limpas de Lages, foram presos em flagrante os empresários Arnaldo Scherer, proprietário da Viaplan, com sede em Curitiba (PR) e que desde o início de 2013 tem contrato com a Semasa para fazer a operação e manutenção do sistema de água e esgoto em Lages; o filho dele, Julian Scherer, gerente de contrato da Viaplan em Lages; e Antonio Carlos Simas, que há 12 anos trabalha como motorista do prefeito de Lages, Elizeu Mattos (PMDB), desde que este era deputado estadual.

No momento da prisão, inclusive, Antonio, conhecido na cidade como Toninho, estava com o carro oficial do prefeito. Outro detido, mas por mandado de prisão temporária de cinco dias, é o secretário da Semasa, Vilson Rodrigues. Os quatro estão no Presídio Regional de Lages.

Prefeito nega envolvimento e Tribunal de Justiça acompanha situação

Também em coletiva pela manhã, o prefeito Elizeu Mattos disse estar surpreso e triste e garantiu não ter qualquer tipo de envolvimento com o escândalo. Ele determinou o afastamento imediato de Toninho e Vilson e colocou a prefeitura à disposição do Gaeco para as investigações.

Ainda sem muita clareza de como seria o suposto esquema, há quanto tempo funcionava, a quantia já movimentada, a origem e o destino dos R$ 165 mil apreendidos no flagrante e a função de cada suspeito, o coordenador do Gaeco em Lages diz que a Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) acompanha o caso para analisar se há algum tipo de envolvimento de pessoas com foro privilegiado já que só o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) pode autorizar a eventual prisão de um chefe de Executivo municipal.

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– O Tribunal de Justiça está ciente deste caso e a Procuradoria Geral de Justiça é quem vai definir se o prefeito deverá ser incluído ou não -, conclui o promotor.

CONTRAPONTOS

João Jorge Fernandes Júnior, advogado dos empresários Arnaldo e Julian Scherer, disse no fim da tarde desta quinta-feira que havia acabado de receber os documentos, ainda estava se inteirando do caso e por enquanto não iria se manifestar.

Mário Sérgio Ranzolin Vieira, defensor do secretário municipal Vilson Rodrigues, deu a mesma justificativa.

Já o advogado José Samuel Nercolini, representante do motorista Toninho, não foi localizado pela reportagem.

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