O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, afirmou nesta sexta-feira que as “ações de política monetária não resolveram as tensões nos mercados financeiros, incluídos os mercados interbancários de fundos”. Em uma conferência sobre bancos centrais organizada pelo Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt, Bernanke disse que as medidas adotadas pelas entidades monetárias e Governos melhoraram provisoriamente o funcionamento do mercado de crédito.

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– Os esforços dos bancos centrais de todo o mundo para aumentarem a disponibilidade de liquidez, junto com outras medidas adotadas pelas entidades monetárias e os governos, contribuíram para melhoras provisórias no funcionamento do mercado de crédito – declarou o presidente do Fed.

Ele acrescentou que, “no entanto, a contínua volatilidade dos mercados e recentes indicadores de comportamento econômico confirmam que ainda restam desafios”. Por isto, “os políticos monetários permanecerão em estreito contato, observarão de perto todas as mudanças e estarão preparados para darem passos adicionais”.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, também deixou claro que as entidades monetárias vão manter a cooperação em linha com seus respectivos mandatos. Em uma ação coordenada, o BCE, o Fed, o Banco da Inglaterra (autoridade monetária britânica) e os bancos centrais de Suíça, Suécia e Canadá diminuíram as taxas em 0,5 ponto percentual no início de outubro. Além disso, os principais bancos centrais do mundo injetaram liquidez adicional em várias divisas nos últimos meses.

Esta conferência, que coincide com o décimo aniversário da criação do BCE e da introdução do euro, acontece antes da Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes), na qual querem sentar as bases para a reforma do sistema financeiro mundial.

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Bernanke e Trichet mostraram sua satisfação pelo fato de que a cúpula seja global e reúna a países industrializados e emergentes com um único desafio. O presidente do Fed descartou que vá acontecer uma cooperação fiscal, exceto em áreas nas quais há acordos prévios.

– Já que enfrentamos a mesma situação global e nossas situações econômicas convergem, acho que aumenta a probabilidade de que haja uma política de convergência, em termos de política fiscal – destacou.

Bernanke lembrou que China e EUA, por exemplo, “consideram ações fiscais” e “se todo mundo tomar ações juntos talvez sejam mais efetivas que se cada um o fizer separadamente”. Bernanke insistiu em que “a atual crise financeira e o arrefecimento econômico global foram uma ocasião para uma coordenação internacional política sem precedentes”.

O presidente do Fed lembrou que a causa das turbulências financeiras foi “o final do auge imobiliário americano e das perdas em hipotecas e ativos respaldados por hipotecas de muitas instituições”.

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– A turbulência foi o produto do auge do crédito global, caracterizado por uma apreciação baixa de risco, o endividamento excessivo e uma crescente dependência de instrumentos opacos e complexos – segundo Bernanke.

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