Dois casos recentes de homicídio no entorno da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ligaram o alerta das autoridades e, em reunião na quinta-feira, os órgãos de segurança pública em Florianópolis definiram uma série de medidas de combate e prevenção a casos de violência e perturbação. Além do assassinato de um adolescente de 16 anos, a decisão foi motivada por outro episódio de morte violenta na região.
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No dia 28 de maio, de acordo com investigações da Polícia Civil de Santa Catarina, uma briga de trânsito culminou com a morte de Nelson Alexandre da Silva, de 25 anos. Motorista de aplicativo, Nelson se desentendeu com um homem de 28 anos que dirigia outro veículo nas imediações da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), na Avenida Madre Benvenuta, no bairro Santa Mônica, por volta das 17h.
— O rapaz queria sair (da universidade) e o Nelson estava (com o carro) parado, impedindo a saída. Aí, eles se desentenderam e a situação se prolongou ao longo do trajeto até o trevo da Dona Benta, quando eles desceram do carro e entraram em luta corporal — afirma o delegado da 5ª DP Alfredo José Ballstaedt, responsável pelo caso.
Durante a briga, indícios (que ainda deverão ser confirmados por um laudo cadavérico) apontam que Nelson foi atingido na cabeça por um skate e uma pedra. Ainda não se sabe se ele levou uma pedrada ou caiu de cabeça em uma pedra depois de ser atingido pelo skate. Nelson foi hospitalizado e permaneceu internado em coma por uma semana, até que faleceu na última terça-feira, 5, em consequência de uma grande lesão na parte posterior do crânio.
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— Foi uma briga boba entre dois jovens universitários, pessoas instruídas, que culminou com a morte de um deles. Como não houve flagrante, colhemos depoimento do envolvido e estamos trabalhando com a hipótese de lesão corporal seguida de morte. Nada impede que evolua para homicídio, mas será preciso comprovar a intenção de matar — explica o delegado.
Vítima receberia transplante de rim do pai
Além de trabalhar como motorista de aplicativo, Nelson estudava Engenharia de Produção na Unisul. Neste semestre, porém, ele tinha trancado a matrícula porque estava articulando um transplante de órgão. Sem um dos rins, Nelson precisava fazer hemodiálise seis dias por semana e tinha dificuldades para caminhar. Por isso, seu pai, José Carlos da Silva, havia se prontificado a doar um rim.
— Ele estudava bastante, até conseguiu bolsa integral na faculdade, mas trancou porque estávamos articulando para que eu doasse um rim a ele. Naquele dia (28 de maio), ele saiu de casa umas 16h e disse “mãe, vou trabalhar. No seu aniversário vou fazer um churrasco pra ti”. Ele saiu para trabalhar e não voltou mais para casa — lamenta o pai.
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Enquanto as investigações do delegado Alfredo José Ballstaedt caminham em direção a um indiciamento por lesão corporal seguida de morte, a família pede que o caso seja tratado como homicídio.
— Eles não bateram no meu filho, eles o espancaram até a morte. Bateram para matar. O delegado está tratando como agressão seguida de morte, mas foi homicídio — disse José Carlos da Silva.
Apesar do desejo da família de Nelson, o delegado Alfredo Ballstaedt afirma que só poderá indiciar o homem por homicídio se for comprovada a intenção de matar.
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