*Por Lisa Prevost

O Neo é um robô de 122 centímetros de altura e 453 kg que limpa o chão. A máquina de alta tecnologia pode navegar por grandes edifícios comerciais por conta própria, sem necessidade de supervisão humana.

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Desde sua introdução em 2016, as vendas do Neo praticamente dobraram a cada ano, informou Faizan Sheikh, executivo-chefe e cofundador da Avidbots, a startup canadense que criou o robô. Este ano, no entanto, a demanda aumentou cem por cento desde a paralisação causada pela pandemia em março. De repente, a necessidade de limpeza completa, confiável e frequente é fundamental.

“Antes, altos executivos de uma grande empresa não saberiam realmente como suas instalações eram limpas. Eles contratavam uma empresa de gestão de instalações, que poderia até terceirizar o trabalho novamente”, disse Sheikh.

Agora, os líderes da empresa estão mostrando mais interesse, fazendo perguntas sobre o processo e o cronograma de limpeza, bem como sobre sua segurança e sua eficácia. “Isso pode levar ao interesse pela automação”, afirmou ele.

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De fato, robôs de limpeza estão vivendo um grande momento nos imóveis comerciais. Seus criadores promovem as máquinas como soluções econômicas para os desafios de limpeza impostos pela pandemia. Eles podem ser usados frequentemente, sem exigir mais horas de trabalho pagas, estão sempre em conformidade e alguns podem até fornecer dados para provar que passaram por cada centímetro determinado.

Os robôs autônomos disponíveis agora são principalmente para limpar pisos e tapetes, mas as empresas estão desenvolvendo outras aplicações de limpeza. A Boston Dynamics, uma empresa de design de robótica de Waltham, em Massachusetts, por exemplo, fez uma parceria para desenvolver uma solução desinfetante que pode ser acoplada a seu robô Spot de quatro pernas, declarou um porta-voz da empresa.

A robótica também está sendo usada para livrar os humanos de tarefas repetitivas, como contabilidade, de acordo com um relatório de 2018 da Deloitte. À medida que mais edifícios incorporam tecnologia inteligente, a coleta e conversão de dados se tornam cada vez mais importantes.

A Somatic, uma startup de Nova York, está trabalhando em um robô que pode limpar banheiros usando uma tecnologia de spray, informou Michael Levy, o executivo-chefe. A remoção de um humano que limpa banheiros torna a área mais segura devido ao menor risco de propagação de germes, segundo Levy. E o robô sempre fará o trabalho exatamente como está programado para fazer.

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(Foto: Ty Wright / The New York Times)

“Você tem de deixar os produtos químicos fazerem seu trabalho, mas a conformidade é difícil na indústria. Se você disser a um robô que é preciso deixar os produtos agindo por 36 segundos, ele os deixa agindo por 36 segundos todas as vezes”, disse Levy.

A ideia de limpeza robótica não é nova. As primeiras tentativas são da década de 1970, de acordo com Sheikh, mas a tecnologia não estava à altura da tarefa e as máquinas eram extremamente caras.

O Neo é sofisticado o suficiente para criar os próprios mapas de uma instalação depois de percorrê-la uma única vez, afirmou ele. O cliente então trabalha com a Avidbots para desenvolver planos de limpeza, que podem variar dependendo do dia da semana.

“Depois que um humano seleciona um plano de limpeza, você aperta ‘Iniciar’ e vai embora. O robô descobre o próprio caminho”, garantiu Sheikh.

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Projetado para instalações de pelo menos 7.432 metros quadrados, o Neo é vendido por US$ 50 mil, mais US$ 300 por mês pelo software que rastreia o desempenho de limpeza. Sheik estimou que, a esse preço, o investimento se paga entre 12 e 18 meses.

O robô também pode ser alugado por US$ 2.500 ao mês, incluindo manutenção e software, em um contrato mínimo de três anos.

O Aeroporto Internacional de Cincinnati/Northern Kentucky usa seu Neo três ou quatro vezes por dia para limpar os milhares de metros quadrados de piso de ladrilhos, informou Brian Cobb, diretor de inovação do aeroporto. “O Neo tem a capacidade da inteligência artificial: conforme vai fazendo seu caminho original, se encontrar algo inesperado, vai dar a volta. Se o obstáculo estiver lá no dia seguinte, Neo vai incorporá-lo a seu mapa”, disse Cobb.

Ele também contou que, antes de começar a usar o Neo em janeiro, o aeroporto tinha três trabalhadores limpando pisos todas as noites, totalizando uma média de 24 horas de trabalho por dia. O Neo assumiu uma parte disso, embora os trabalhadores ainda sejam necessários para fazer a manutenção mais pesada do piso, como tirar manchas e encerar. Também libera a equipe de limpeza para se concentrar em garantir que as áreas constantemente tocadas do aeroporto sejam limpas com mais frequência durante a pandemia, observou ele.

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O SoftBank, conglomerado multinacional japonês, apresentou o limpador de tapetes autônomos Whiz por meio de sua unidade de robótica em novembro, disse Kass Dawson, vice-presidente de estratégia e comunicação de marca da SoftBank Robotics. Mais de dez mil robôs compactos Whiz já estão funcionando em todo o mundo.

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(Foto: Ty Wright / The New York Times)

Eles chamaram a atenção de Jeff Tingley, presidente da Sparkle Services, uma empresa de limpeza de Enfield, em Connecticut, que trabalha em grandes instalações comerciais no estado, em Nova Jersey e Nova York. Ele contou que, havia muito, se interessava por limpeza robótica, mas não tinha encontrado uma tecnologia suficientemente avançada ou econômica.

“Aspirar o pó é um dos processos mais demorados na limpeza. Com o Whiz, dá para cortar 90 por cento do tempo necessário. Você ainda precisa de humanos para aspirar debaixo de mesas e cadeiras, mas ganhamos muitas horas”, comemorou Tingley.

O Whiz pode ser alugado por US$ 500 a US$ 550 por mês, o que inclui manutenção e coleta de dados que fornece aos clientes “a confirmação da limpeza”, segundo Dawson.

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O software do robô foi desenvolvido pela Brain Corp, uma empresa de San Diego que trabalha com fabricantes externos principalmente em indústrias de limpeza e armazenamento. A tecnologia autônoma da Brain Corp, BrainOS, também está presente em robôs feitos pela Tennant, pela Minuteman, pela Kärcher e por outras.

No segundo trimestre deste ano, o uso que varejistas fazem dos robôs movidos a BrainOS subiu 24 por cento em relação ao ano anterior, e uso médio diário subiu 20 por cento, de 2,15 para 2,58 horas, disse Chris Wright, vice-presidente de vendas da Brain Corp.

Ele observou que grande parte do aumento ocorreu durante o dia, sinalizando uma grande mudança nos horários de limpeza: “A limpeza está chegando ao primeiro turno porque está se tornando importante para a imagem das empresas. Todo mundo tem um pé atrás quando entra em prédios agora. Uma das coisas que imediatamente deixarão as pessoas à vontade é quando elas virem a limpeza sendo feita.”

Tingley viu o Whiz se movendo por um escritório. É uma “máquina amigável” que se detém se você passar na frente dela e usa um pisca-pisca para sinalizar quando vai girar, e parece que as pessoas gostam, afirmou ele. “Durante esse período tenso, as pessoas nos edifícios estão emburradas e até infelizes. Quando o Whiz passa, todos sorriem. É quase como um animal de estimação – todo mundo quer dar um nome a ele.”

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