Trocar a geladeira, comprar um fogão novo ou uma lavadora de roupa vai continuar sendo um bom negócio. Os preços mais em conta devem continuar, pelo menos, por mais três meses. A redução no Imposto de Produtos Industrializados (IPI), que deveria ter acabado no último dia de março, foi prorrogada nesta sexta-feira pela presidente Dilma Rousseff.
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Pelo menos até junho, os consumidores poderão aproveitar os preços mais em conta na compra de produtos como geladeiras, lavadoras e fogões. A alíquota normal do imposto para uma lavadora é de 20%, refrigerador, 15%, e fogão, 4%. Com a redução do IPI, os valores caem para 10%, 5% e zero, respectivamente.
Os incentivos tem ajudado a manter o crescimento nas vendas do comércio. Em janeiro, o volume de vendas de eletrodomésticos e móveis cresceu 16,18% em relação ao mesmo mês do ano passado. No período, as lojas venderam 12,53% a mais.
A manutenção da medida alimenta as expectativas da Whirlpool, que produz refrigeradores em Joinville, que pretende ampliar seu crescimento. A expectativa é alcançar o desempenho obtido em 2009, quando as vendas da empresa cresceram 12,7%.
A Whirlpool destaca que renovação da medida é bem-vinda, já que o setor de eletrodomésticos é uma das maiores cadeias produtivas do País e faz larga utilização de matéria prima nacional.
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– Com um prazo maior para as vendas a preços reduzidos, os consumidores tendem a gastar mais e, consequentemente, a produção deverá ser intensificada. Estimular o consumo, elevar a competitividade e movimentar a economia são alguns dos pontos destacados pela presidente para a prorrogação da medida -, ressaltou a Whirlpool em nota.
A fabricante de eletrodomésticos afirma ter confiança nas decisões tomadas pelo governo federal, pois visam o fortalecimento da indústria nacional.
A joinvilense Embraco, que fabrica compressores e os fornece para a Whirlpool, acredita que a renovação sinaliza um momento de aquecimento do mercado interno.
Mobilização pelas fábricas
Diante do aumento das importações e perda da competitividade do setor produtivo brasileiro, empresários e trabalhadores se mobilizam para obter medidas do governo federal. O movimento com caráter nacional pretende alertar quanto aos prejuízos causados à economia, como a diminuição de empregos na indústria da transformação.
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No Estado, a mobilização ocorre na quarta, em Itajaí.
– O processo de desindustrialização não é de agora, vem se agravando desde 2006, quando o real começou a se valorizar e a produção importada chegou com força no País -, aponta o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Implementos (Abimaq), Hernane Cauduro.
Entre os pedidos, estão a redução da taxa de juro, a adoção de medidas para atenuar sobrevalorização do câmbio, a oferta de linhas de financiamento e a desoneração do investimento voltado para a produção. As reivindicações serão levadas à presidente Dilma Rousseff em maio. Segundo a Abimaq, levando em conta o volume diário de importações de produtos industriais no País, somente neste ano foram deixados de ser geradas quase 160 mil postos de trabalho.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ontem que o crescimento da economia não pode mais ser puxado pelo crédito ao consumo. O novo motor, avaliou Coutinho, deve ser a aplicação de recursos na expansão da capacidade produtiva.
Defesa também é beneficiada
A promessa do governo federal de partir para o ataque contra a ameaça de desindustrialização terá a área de defesa como um dos primeiros beneficiados.
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Publicada sexta-feira no Diário Oficial, a sanção da MP 544, agora transformada em lei, zera as alíquotas de IPI e PIS/Cofins para as empresas do setor nas vendas para a União.
A medida equilibra as condições de competição entre as empresas nacionais e estrangeiras em um mercado que tende ao crescimento no Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Material de Defesa (Abimde), o país compra cerca de US$ 3,5 bilhões por ano em equipamentos de defesa, mas a fatia nacional é de apenas 40%.
Até 2020, diz o vice-presidente executivo da entidade, Carlos Afonso Gambôa, os fabricantes nacionais podem abocanhar até 60% do mercado e, em 2030, alcançar 80%.
– Hoje, a legislação prevê que as compras no Exterior não paguem impostos, enquanto o produto nacional, sim. O governo entendeu que isso estava matando as empresas brasileiras, e essa nova lei vem equilibrar as condições de competição -, diz Gambôa.
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