Há mais três horas, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresenta as acusações contra os 38 réus da Ação Penal 470, conhecida como processo do mensalão. Durante a leitura de sua sustentação oral, nesta sexta-feira, ele afirmou que um dos objetivos do esquema “comandado” pelo ex-ministro José Dirceu seria comprar votos de deputados.

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Veja como teria funcionado o suposto esquema do mensalão

Segundo Gurgel, os repasses de recursos a deputados ocorriam dias antes ou em seguida a grandes votações, como nas reformas tributária e da previdência. Para ele, o relatório final da CPI dos Correios comprovaria a tese.

No caso da reforma tributária, votada no dia 24 de setembro de 2003, o procurador-geral disse que sete dias antes, o ex-assessor do PP João Cláudio Genú sacou R$ 300 mil das contas administradas pelo publicitário Marcos Valério. No dia da votação, Genú sacou R$ 300 mil e, após a votação, outros R$ 100 mil. A conduta, segundo o chefe do MP, se repetiu com integrantes do PTB e do extinto PL, hoje PR.

– Todos esses pagamentos estão documentalmente comprovados nos autos – afirmou.

Outros projetos que foram comprados, segundo Gurgel, são a PEC Paralela e a Lei da Falência.

Valério foi o “principal operador” e Delúbio se beneficiou com o esquema

Para Gurgel, Marcos Valério foi “principal operador” do esquema O procurador-geral afirmou que o publicitário era “homem da mais absoluta confiança” do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

– Dirceu foi o mentor do esquema, enquanto Valério principal operador- disse.

O chefe do Ministério Público disse que o publicitário se tornou, a partir da aproximação com José Dirceu, “interlocutor privilegiado” do núcleo político do grupo. Ele citou como exemplo da influência de Valério o fato de um representante do Banco Opportunitty, que dizia ter problemas para resolver questões dentro do governo, ter se valido do publicitário para conseguir conversar com pessoas ligadas ao governo. Em outro depoimento mencionado por Gurgel, o ex-deputado José Borba (PMDB-PR) disse ter procurado o publicitário para tentar obter nomeações no governo Lula.

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Para o procurador-geral da República, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, além de participar da distribuição de recursos, também se beneficiou do esquema. Segundo Gurgel, Delúbio teria recebido R$ 500 mil.

– A ação de Delúbio Soares como integrante do grupo criminoso não se limitou a indicar o destinatário final das propinas, mas se beneficiou. Ele não hesitou em locupletar-se com o esquema – concluiu.

Gurgel destacou saques feitos a mando de Delúbio nos quais não há a destinação de beneficiário do dinheiro. Enfatizou as constantes reuniões do ex-tesoureiro com Valério. Afirmou ainda que o tesoureiro era “subordinado” a Dirceu dentro da organização.

Apesar de não ser mais réu por ter feito acordo com o Ministério Público, o ex-dirigente petista Silvio Pereira não foi esquecido. Gurgel destacou que ele agiu nos bastidores do governo negociando alianças políticas a mando de Dirceu.

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