Poucas vezes nos últimos 12 anos a seleção brasileira masculina de vôlei chegou a um torneio sem o rótulo de favorita absoluta. Após o fracasso na Liga Mundial (o time não chegou nem às semifinais), os comandados de Bernardinho terão de provar, a partir do dia 27, que continuam tão fortes quanto de 2001 a 2011 – época em que conquistaram dois Pan-Americanos, oito títulos da Liga Mundial, três Mundiais e o ouro na Olimpíada de 2004.
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– Na Olimpíada de Londres, vamos ter de nos reinventar, buscar o algo mais, aquilo que os rivais não esperarão. É possível – disse o gaúcho de Colinas Lucas Saatkamp, 26 anos, o Lucão, na segunda-feira, antes de embarcar para o Centro de Treinamento de Saquarema, no Rio, onde a seleção se prepara para a estreia, no dia 29, contra a Tunísia. No Grupo B, também estão Rússia, EUA, Sérvia e Alemanha. Classificam-se quatro para a segunda fase.
ZH – A seleção aproveitou a Liga Mundial como preparação para a Olimpíada, o grande objetivo do ano. Estar focado em Londres não prejudicou demais o desempenho na Liga?
Lucão – Acho que nosso pior jogo foi contra Cuba (derrota na fase final da Liga por 3 a 0). Contra a Polônia (revés de 3 a 2), conseguimos manter a regularidade o jogo inteiro, mesmo com o Giba e o Vissotto voltando de lesão. Foi o terceiro jogo do Vissotto depois da cirurgia que ele fez no coração. O time está se formando. Temos pelo menos duas semanas para trabalhar aqui no Brasil antes de viajar (a Londres) e três semanas para o início dos Jogos. A gente vai ter que consertar, o tempo é um pouco curto, mas espero que dê.
ZH – Como ficou o ambiente do grupo depois dessa quarta derrota para a Polônia?
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Lucão – Não ficamos tristes. Ficou um alerta. Vimos que o que estamos fazendo não é o suficiente. A gente precisa buscar algo mais nestas três semanas. Não ficamos desmotivados, pelo contrário. Serviu para mostrar que o grupo está precisando evoluir se quer conquistar o título olímpico.
ZH – Porque o Brasil é o adversário a ser batido.
Lucão – Com certeza. Durante esses 10 anos, todo mundo se espelhou no voleibol brasileiro. O nível do voleibol subiu muito nesses últimos anos. Todos aprenderam com o Brasil. A gente vai ter de se reinventar. Hoje temos quatro, cinco, seis equipes com condições de chegar em uma final olímpica.
ZH – O Ricardinho, levantador que voltou a ser convocado por Bernardinho, pode ser um diferencial?
Lucão – Claro. Todo jogo passa pela mão do levantador. Ele tem de estar bem com todas as peças para o adversário não anular nenhum jogador na rede. Posso te afirmar: parece que ele não saiu da seleção. A galera o recebeu muito bem, parece que não aconteceu nada, que simplesmente ele saiu dois, três anos e voltou. O relacionamento com ele e com o grupo foi súper tranquilo (na última Olimpíada, Ricardinho foi cortado da seleção às vésperas do embarque devido a um desentendimento com Bernardinho).
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ZH – E a informação de que ele teria se desentendido novamente com a comissão técnica?
Lucão – História inventada para tentar desestruturar, acabar com o clima, com o ambiente. A partir do momento que se supera esse tipo de coisa tu não pode trabalhar pensando que o cara quer te ferrar de novo.
ZH – Você aposta em algum companheiro em especial para ser o grande destaque de Londres?
Lucão – Acho que, principalmente, o coletivo fará diferença nos Jogos. Mas o Leandro Vissotto sempre foi um cara que, na hora decisiva, chamou para si. O Giba e o Dante são jogadores extremamente importantes para a seleção. Se pegar no histórico, a seleção nunca teve grandes nomes individuais. Acho que a grande força sempre foi o grupo coeso, parelho.