Os doze anos de recolhimento de Carlos Araújo estão por acabar. Homem de vivências únicas – enfrentou a ditadura, a prisão e a tortura, conviveu com Leonel Brizola e mantém relação de cumplicidade com a presidente Dilma Rousseff -, Araújo decidiu retornar à política e ao PDT, partido que ajudou a fundar.

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Ao lado dos netos de Brizola, o ex-marido da presidente integrará o grupo que pretende tirar Carlos Lupi da presidência da sigla nas eleições previstas para março ou abril de 2013.

– Eu adoraria vê-lo na presidência do partido. Araújo acredita que deve exercer o papel de mentor, mas ele também poderá se candidatar na eleição do PDT. Não está descartado – diz a deputada Juliana Brizola.

Ao lado do irmão, o ministro do Trabalho, Brizola Neto, ela é uma das mais fortalecidas com a volta de Araújo. O ex-marido de Dilma saiu da sigla em 2000 motivado por divergências internas, principalmente com Alceu Collares.

Agora, admite que o retorno, ainda sem data marcada, tem como objetivo alçar os netos de Brizola ao comando do partido. Há anos, eles se debatem internamente, buscam respaldo para “resgatar as origens” da legenda criada pelo avô, mas jamais encontraram força para derrubar o grupo hegemônico.

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Vieira diz que ex-marido tem de ouvir o outro lado

Além do núcleo Brizola, Araújo regressa ao PDT com o apoio da Força Sindical, liderada pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP). A força do grupo, entendem, será suficiente para destronar Lupi, acusado pelos inimigos de atuar de forma antidemocrática, valendo-se de um estatuto que dava amplos poderes a Brizola. A ala de Lupi, adversário dos herdeiros do líder trabalhista, promete reagir.

– Araújo está afastado do PDT. Tomarei a iniciativa de conversar com ele, que, certamente, irá querer se informar. A partir dessa conversa, alguns dos conceitos dele poderão mudar. Ele tem recebido informação apenas de um lado. Tenho certeza de que estará aberto para ouvir o outro também – afirma o deputado federal Vieira da Cunha, fiel a Lupi.