Ministro dos presidentes Salvador Allende (Minas), Ricardo Lagos (Educação) e Michelle Bachelet (Obras), Sergio Bitar diz a ZH por que ditadura e educação são temas tão presentes. Leia trechos da entrevista concedida por telefone:

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Zero Hora – Ditadura e educação são os temas das eleições?

Sergio Bitar – A política tem situações imprevisíveis. Uma foi o descalabro das candidaturas presidenciais da direita, devido à queda do primeiro, Longueira, por problemas de saúde, o segundo, Allamand, devido às disputas internas. O encargo caiu para Matthei de forma inesperada. Então, aparecem duas mulheres filhas de generais da força aérea no momento do golpe de 1973, um deles preso e morto pela ditadura, o outro chefe da academia da força aérea onde morreu o primeiro. Sendo assim, é inevitável a presença da ditadura na disputa eleitoral. Já a educação é um tema desde 2011. Em parte pela inépcia do governo, em parte pela grande demanda por financiamento público à educação superior e por uma presença mais forte do Estado no sistema. O Chile é o país com maior presença da educação privada.

Qual a diferença entre as duas propostas?

Bitar – É a que existe entre centro-esquerda e direita. Desta vez, está centrada na proposta de fazer uma nova Constituição, mudando também o sistema eleitoral. Há uma proposta, também, de reforma tributária para financiamento da saúde e da educação, após uma reforma educacional. O Estado precisa ter uma participação mais ativa na educação, ampliar a educação pública escolar e universitária, acabar com a lógica do lucro na educação, aumentar a gratuidade, uma reforma no plano de carreira docente, aumento dos salários e outros temas.

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Há resquícios da ditadura de Pinochet que ainda precisam ser removidos?

Bitar – Sim. Precisamos reforçar os direitos dos cidadãos, menosprezados frente aos direitos de propriedade. O mesmo em relação aos direitos coletivos, como os trabalhistas, de ambiente, indígenas etc.