O embaixador chileno no Brasil, Fernando Schmidt, discorda que ditadura e educação irão dominar as eleições. Por um motivo: propostas devem ser feitas para o futuro. Leia trechos de entrevista concedida em visita a ZH:

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Zero Hora – Educação e temas de ditadura centralizar o pleito?

Fernando Schmidt – Não necessariamente. As eleições não são centradas no passado, são centradas em propostas para o futuro. Desde o ponto de vista mais manipulável, o passado pode entrar nas eleições.

ZH – Mas a posição dos pais das principais candidatas não reaviva o tema da ditadura?

Schmidt – Ambos os pais eram amigos, muito amigos. Sou testemunha do apreço que Evelyn Matthei tem por Michelle Bachelet. Estão em polos opostos, mas isso não tem nada a ver com uma desqualificação ou com um olhar sobre o passado pessoal das duas.

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ZH – Mas a campanha de Bachelet explorará esse tema, não?

Schmidt – É natural esse tipo de provocação, mas não é o que vai ser decisivo no dia 17 de novembro.

ZH – Mas a educação foi motivo de muitos protestos de rua, e, apesar dos bons índices na economia, o governo de Sebastián Piñera tem pouca popularidade. Isso não vai pesar?

Schmidt – Tenho várias explicações. O principal motivo dos protestos é o financiamento. Quando toda a educação universitária é paga, o endividamento atinge diretamente um grupo que está com os filhos e filhas no sistema universitário. Este é um problema: o endividamento. O que o Estado fez? Fez um incremento dramático das bolsas de estudo, para que todos aqueles que têm condições para estudar, mas não os recursos financeiros não sejam prejudicados pelo sistema e fiquem endividados. O que o Estado não pode fazer? Dar gratuidade completa ao sistema educativo para privilegiar os mais ricos. Não é justo que os mais ricos não paguem a universidade.