Uma pessoa simples, meio tímida, com “olhar de quem tem medo de apanhar”. É essa a lembrança que o alemão radicado em Joinville Eberhard Albert, 77 anos, tem do homem que ficou à frente do Vaticano por quase oito anos.
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Mas a memória sobre o jeito de Joseph Ratzinger vem de muito antes de ele ficar conhecido como papa Bento 16. Na verdade, as lembranças são do tempo em que Ratzinger levava uma vida de professor em uma faculdade alemã, no começo da década de 1960.
– Como professor, era um dos principais conselheiros dos bispos. Ele e outro professor eram os principais consultores. Era um homem de grande diligência -, conta Ebehard.
O contato, recorda-se, se deu apenas em algumas aulas da disciplina de dogmática – Eberhard estudava para ser padre e chegou a exercer o sacerdócio por 13 anos, mas depois largou a batina e formou família em Joinville.
A atuação de Bento 16 no Vaticano, avalia Eberhard, foi de “fibra e ideias fundamentadas”. A renúncia ao posto, entende o ex-aluno, veio na hora certa.
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– Temos de dar parabéns pela coragem. Outros que estavam até piores não tiveram coragem de renunciar. Acho melhor, pois a Igreja Católica é universal e precisa de saúde e esperteza. Percebíamos que ele não era mais o mesmo. Era sempre muito vital e ativo -, observa.
Eberhard espera que o próximo papa seja desvinculado da cúria romana (órgão administrativo da Santa Sé).
– O próximo tem de ser mais aberto. Precisa ser um sul-americano ou africano que não tenha a ver com aquele governo interno, porque lá já estão influenciados por um sistema. Alguém de fora, com boas ideias, tem mais poder de mudar.