O deputado Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara, poderá parar no Conselho de Ética da Casa. Revoltados com a decisão dele de suspender as sessões que aprovaram o impeachment de Dilma Rousseff, deputados dizem que ele extrapolou suas competências, sem consultar ninguém.

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— Ele tomou uma decisão unilateral. Já foi enviado ao Senado, não tem recurso para ser feito na Câmara. Ele pode sofrer as consequências desse ato. Não tem como um vice-presidente, que está no exercício da presidência, tomar uma decisão contra 367 deputados — afirmou o deputado Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Câmara.

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Mansur também criticou o recurso da Advocacia-Geral da União (AGU), aceito por Maranhão. Ele entende que houve perda de prazo e que, depois de enviada ao Senado, a questão não competia mais à Câmara.

— A AGU entrou, totalmente fora do prazo, com questionamento no dia 25 de abril. Ele poderia ter sido arquivado, mas foi deixado de lado — comentou.

Presidente da Comissão Especial de Impeachment da Câmara, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) afirmou que a decisão de Waldir Maranhão é um ato “sem validade”.

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— É uma decisão que nasce morta. Já foi ao Senado, que é outra esfera — avaliou.

Rosso ainda afirmou que o rito do impeachment seguiu o trâmite definido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, ele entende que o ato do presidente interino da Câmara será derrubado. Ele manifestou preocupação com a atitude de Maranhão, que adotou ato que causou brusca reviravolta e surpresa na república sem consultar ninguém.

— Não conheço o deputado Waldir Maranhão, mas uma decisão dessa amplitude, não ter sido sequer levada a discussão com os líderes, não me parece ter amparo regimental. O STF arbitrou e todos os atos foram juridicamente perfeitos. Foram ratificados pelo STF — opinou Rosso.