Para o presidente da Celesc, Cleverson Siewert, o clima é o principal rival do abastecimento energético em Santa Catarina. Nesta sexta-feira, Celesc, Prefeitura de Florianópolis e Casan divulgaram medidas para evitar o colapso no abastecimento de água e energia nesta temporada no Estado.
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A fiação aérea deixa o sistema exposto a acidentes, que independem da qualidade dos equipamentos. Por isso, ele afirma que nenhuma distribuidora de energia do país pode garantir 100% que não haverá interrupções no abastecimento.
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DC – No verão passado, após os casos de queda de energia, a Celesc informou que iria avaliar quais os problemas que provocaram a falta de luz em algumas regiões do Estado. Esse diagnóstico foi feito? Qual foi o resultado?
Cleverson Siewert – Fizemos uma análise bastante criteriosa de tudo o que ocorreu no nosso sistema. Um dos principais problemas que temos é a exposição da fiação, o que a deixa suscetível a problemas como abalroamento por carro ou então intempéries do tempo. Por exemplo, no verão, a incidência de chuvas é 35% maior do que em outras épocas do ano. Isso também influência, pois um raio ou um galho de árvore pode atingir a fiação. Apesar das quedas que ocorreram na última temporada, apresentamos uma evolução percentual na DEC (Duração equivalente por unidade consumidora), que é uma forma de medir o número de interrupções de energia.
DC – Quais medidas a Celesc tomou para evitar novos problemas no final do ano?
Siewert – Do call center até o número de técnicos, todas as equipes foram reforçadas para a temporada. Este ano contratamos 220 novos eletricistas, o que deve agilizar a solução de possíveis acidentes na rede. Além disso, temos investimentos de R$ 70 milhões na construção de novas subestações. Com manutenção e reestruturação do sistema de baixa e média tensão, além de poda e roçada para evitar que a vegetação prejudique a distribuição, investimos R$ 120 milhões no Estado, sendo R$ 10,8 milhões apenas para a Capital.
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DC – É possível garantir que não vai faltar energia no verão?
Siewert – Faltar energia é óbvio que pode acontecer. Enquanto nosso sistema for aéreo, qualquer distribuidora está suscetível a sofrer com isso. A única solução seria transforma todo o sistema de fiação em subterrâneo, mas a Celesc teria que gastar R$ 60 bilhões para fazer isso em todo o Estado. É inviável financeiramente. Tanto pode faltar energia que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estipula um limite máximo de interrupções para cada distribuidora, mas nós sempre ficamos abaixo dessa meta. A agência é muito rígida e diminui esse limite todos os anos. Na década de 90, o nosso DEC era o dobro do atual. Então não podemos garantir 100% que não haverá falta de energia, mas todos os anos buscamos mitigar a possibilidade disso acontecer.
DC – Há déficit de geração de energia no Estado?
Siewert – Não temos problemas em alta tensão. Para você ter uma ideia, nossa capacidade transformadora é de 6.500 MW (megawatts), mas o auge do consumo durante o último verão foi de 4.700 MW. Além disso, nossa produção energética hoje chega a 6% da nacional, sendo que consumimos apenas 5%. Então existe um equilíbrio no sistema.