O bispo da Diocese de Blumenau, Dom José Negri, ficou surpreso com a notícia da renúncia do Papa Bento XVI, anunciada na manhã desta segunda-feira. Natural de Milão, na Itália, Dom José está à frente da Diocese desde 2009. Desde 2006, era Bispo Auxiliar de Florianópolis.

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Para ele, o legado do Papa foi de fidelidade à verdade. Dom José avalia que a renúncia do pontífice tomou de surpresa a todos os membros da Igreja. Confira um trecho da entrevista que ele concedeu ao Jornal de Santa Catarina na manhã desta segunda-feira.

Jornal de Santa Catarina – Como o senhor recebeu a notícia da renúncia do Papa?

Dom José Negri – Recebi hoje de manhã, por telefonema de um padre, inclusive. Não estava sabendo de nada. Inclusive hoje, 11 de fevereiro, Dia dos Doentes, eu estava conectado pela internet com Lourdes, participando da missa. Logo liguei a TV e vi o bombardeamento de notícias. Fiquei muito surpreso. Acredito que todo mundo ficou surpreso no mundo. Ainda mais que o calendário do Papa está cheio. Acho que foi uma surpresa para a Cúria Romana, para o Vaticano, para os cardeais todos assim.

Santa – O que a renúncia significa para a Igreja?

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Dom José – Há 600 anos não acontece isso na Igreja. Foram dois na história a renunciar. Portanto, a Igreja está impreparada, quando acontece a morte de um Papa, a gente já sabe o que vai acontecer. Mas diante de uma renúncia, agora a gente tem que avaliar. Lá na Cúria Romana eles têm todo um procedimento para prosseguir. Terminando fevereiro, ele vai renunciar. Naquele momento, quem comanda a Igreja é o Colégio Cardinalício com o Carmelengo, responsável pelo Colégio, que é o cardeal Bertone, secretário de Estado do Vaticano. Ele vai cuidar dos preparativos para o próximo Conclave.

Santa – Para o senhor, qual o legado deixado por Bento XVI nesses oito anos?

Dom José – De ser um homem fiel à verdade. Em todos os discursos que ele proferiu, nunca deixou transparecer que ele não fosse fiel à verdade. A verdade significa Jesus Cristo, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Que apesar de todas as mudanças históricas, nós temos de ser fieis a Jesus Cristo.

Santa – Quem pode ser o próximo Papa? Há chances de ser um brasileiro? O catarinense Dom João Braz de Aviz tem chances?

Dom José – Ninguém tem a bola de cristal. Segundo, aconteceram tantas coisas nesses conclaves, que ninguém sabe. Nós da Itália temos um ditado: quem entra Papa, sai cardeal. Então é bom não fazer nenhum prognóstico. Mas acredito firmemente que o conclave deve ser o grande momento da presença de Deus. Veja só, não tivemos tempo nem de fazer política. O Papa não nos deu nem esse tempo, de fazer prognósticos políticos, de começar a pensar. Essa surpresa acredito que tomou todos os cardeais.

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A entrevista completa será publicada na edição impressa do Santa desta terça-feira.