O sorriso estampado permanentemente no rosto é a declaração de amor à vida da professora Ana Paula Guedes Moreno, de 33 anos. O cabelo – que costumava ser bem longo até o ano passado – começa a crescer e é um dos indícios de que tudo está voltando ao normal, ou melhor, é sinal de um recomeço.

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Não foi fácil receber o diagnóstico, passar pela cirurgia para retirada das duas mamas e enfrentar o tratamento rigoroso, mas ela teve motivos de sobra para se reerguer, como o amor e apoio que recebeu do marido, dos amigos, da família e das pessoas que conheceu pelo caminho durante o tratamento.

– Para não chorar na frente das pessoas, eu chorava no chuveiro. Mas depois que passava o efeito da quimioterapia eu, levantava a cabeça e pronto.

Ela queria mostrar que, apesar de tudo, estava bem, por isso passou a se cuidar ainda mais. Ana conta que antes passava apenas um batonzinho para ir trabalhar. Agora, dificilmente alguém a vê sem maquiagem na rua.

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– Hoje estou muito mais vaidosa. Eu não queria que me vissem doente, eu nunca quis que tivessem pena de mim, queria mostrar que vale a pena lutar. Quero que as pessoas me vejam e pensem ‘ela está feliz’. Essa coisa da autoestima ajuda demais a gente.

Amar-se ainda mais: foi essa a maneira que ela encontrou para driblar a doença. Recentemente, até foi convidada para um ensaio fotográfico feito pelo Grupo Rocha com pacientes com câncer. Ela se gostou tanto nas fotos que ganhou mais confiança para deixar os lenços de lado mesmo antes de os cabelos voltarem a crescer.

– Eu sei que é a ideia de um padrão de beleza e, apesar de poder recuperar tudo depois, é um momento difícil. Por mais que meu marido estivesse do meu lado o tempo inteiro, tudo muda e tua autoestima em alguns momentos fica no chão, mas ninguém precisa saber disso. Aí eu saía, as pessoas elogiavam e falavam que eu estava bem, então comecei a me sentir bem, bonita e pensava ‘está funcionando! O tratamento, minha oração, está tudo dando certo’! – comenta.

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Além disso, ela encontrou mais um motivo que a fez ver um sentido em tudo o que estava vivendo: a criação do grupo Amigas de Lenço, que nasceu a partir de um encontro despretensioso para um café entre ela e mais três amigas que também tinham câncer de mama e que acabou se transformando em reuniões mensais com quase 60 pessoas que se ajudam, trocam experiências e conselhos.

Ana se sente realizada em saber que, de alguma maneira, está ajudando outras mulheres.Agora, ela está prestes a começar a última etapa do tratamento, as sessões de radioterapia, e começa a refazer planos, pensar na volta ao trabalho e retomar os sonhos.